São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 1997
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Líderes perdem controle sobre perueiros

RODRIGO VERGARA
DA REPORTAGEM LOCAL

As associações e o sindicato que representam os motoristas de lotação de São Paulo perderam ontem o controle sobre os perueiros que se concentravam em frente à Câmara Municipal.
Descontentes por não serem mantidos a par das negociações e instigados por uma disputa entre as lideranças das entidades, os manifestantes chegaram a perseguir o presidente do sindicato, José Célio dos Santos, para agredi-lo.
Santos precisou refugiar-se no carro de som para evitar as agressões, mas nem utilizando os alto-falantes conseguiu se fazer ouvir. Os manifestantes o acusavam de ter feito um acordo com a bancada governista na Câmara.
"Traíra! Traíra! Traíra!", era o coro da multidão.
Eram 17h45. A votação terminara havia mais de uma hora e os manifestantes ainda não tinham recebido nenhuma mensagem das lideranças sobre seu futuro. Nesse intervalo, os líderes haviam ficado reunidos com o presidente da Câmara, Nelo Rodolfo.
Aproveitando essa deixa, Leonilson Pereira da Silva, presidente da Assesp, associação que representa perueiros de todo o Estado, pediu ao microfone várias vezes satisfações das lideranças. Silva havia sido barrado no encontro.
"Por causa dessa palhaçada, eu já perdi três dias de trabalho", reclamava Rodolfo de Lima, perueiro que foi agredido por policiais militares depois de tentar bloquear o tráfego do viaduto Jacareí.
Proposta
A chegada das lideranças ao local da manifestação não esclareceu as dúvidas. A única proposta clara veio de Laércio Ezequiel dos Santos, presidente da ATA (Associação dos Transportadores em Autolotação) da zona sul, que aproveitou o encontro para convocar os coordenadores de linhas para uma assembléia, na segunda-feira.
Os coordenadores de linha -existe um para cada rota de lotação- são a principal ponte entre os líderes e os perueiros para mobilizações.
Sem proposta por que votar ou causas contra as quais votar, os perueiros foram aos poucos deixando o local. O carro de som trazido ao local pela Assesp ainda tentou rebocar um contingente para uma passeata até a prefeitura, mas foi seguido por cerca de 40 pessoas.

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