São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 1997
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Filha de vítima mora com avós

DA SUCURSAL DO RIO

Quando Eliane do Nascimento foi morta, estava ao lado da filha E.. A garota, à época com menos de dois anos, foi baleada no braço. Passou seis meses internada.
E. tem hoje cinco anos. Por causa do tiro, ficou com o braço direito um pouco torto e marcado por três cicatrizes, mas tem movimentos normais. No ano que vem, começará a ir à escola.
E. tem dois irmãos mais velhos: C.A., 13, e V., 11. Os três moram com os avós maternos.
Tímido, C.A. guarda do episódio a lembrança da mãe morta na praça e o medo da polícia. "Eles (os PMs) chegam, eu saio da rua. Não quero acabar como a minha mãe", diz o garoto, que faz a 8ª série.
O pai de Eliane, Félix Luiz do Nascimento, 63, entrou com uma ação de indenização contra o Estado e um pedido de pensão alimentícia para os netos. Nascimento cuida de piscinas. Sustenta a mulher, os três netos e três filhos solteiros. "A minha raiva é maior porque os policiais nem socorreram a minha filha", afirma.
Em março deste ano, no mesmo conjunto em que Eliane morava, seis PMs do 18º BPM (Batalhão de Polícia Militar) espancaram moradores. O espancamento foi filmado por um cinegrafista amador, e o caso chegou à Justiça Militar. O julgamento dos PMs está marcado para o dia 31 de outubro.
As cenas causaram a saída do comandante do 18º BPM. O atual comandante, tenente-coronel Ronaldo Teixeira do Couto, implantou um programa de reciclagem.

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