São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 1997
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Iris defende pena alternativa

Ministro quer três frentes contra superlotação de presídios

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Justiça, Iris Rezende, anunciou ontem em São Paulo que defende três frentes de combate ao problema da superlotação carcerária brasileira.
Em primeiro lugar, ele aposta na aprovação do projeto de lei que amplia o uso das penas alternativas como solução para redução do número de presos.
Segundo o ministro, a nova lei poderia colocar em liberdade cerca de 20% das 150 mil pessoas presas no país. A medida atingiria 30 mil presos.
Outro ponto defendido por Rezende é a construção de novos presídios.
Ele anunciou ontem, no auditório da Penitenciária do Estado de São Paulo, na zona norte da capital, a construção de 12 penitenciárias no Estado, com recursos federais. Essas unidades estão incluídas em um pacote de 52 novas prisões que deverão ser construídas em todo o país a um custo de R$ 300 milhões.
Segundo o ministro, as novas penitenciária irão criar cerca de 12 mil vagas no país.
Iris Rezende reforçou ainda o início do mutirão nacional na área do Judiciário para averiguar todos os processos de detentos e soltar aqueles que estiverem com as penas já cumpridas. O ministro não soube dizer quantos presos poderiam ser beneficiados. O mutirão será organizado no dia 7 de novembro.
"Com essas providências, os presos podem ser tratados com mais humanidade, mais racionalidade e a sociedade será melhor servida. O que se observa hoje é que o autor do crime considerado leve cumpre a pena como a de um autor de crime hediondo. Ele não se recupera de nada. O que acontece é que ele sai, talvez, dotado de mais defeito do que quando ele entrou no presídio", afirmou o ministro.
Presente
Iris Rezende recebeu um quadro com seu retrato pintado pelo preso paraplégico Leomar Severino de França. "O preso está antecipando a exposição de arte prisional, que acontecerá no início de 98", disse o secretário da Administração Penitenciária de São Paulo, João Benedicto de Azevedo Marques.
O ministro criticou o Código Penal do país, como empecilho para agilidade da Justiça. "O juiz profere sua sentença utilizando códigos já obsoletos, arcaicos, de 40, 50 anos. Hoje a realidade do país é outra. O poder judiciário continua preso a leis que não permitem soluções mais rápidas. Temos que partir para mudança do nosso código penal", afirmou Rezende.
A Secretaria de Administração Penitenciária já iniciou a construção de 21 presídios no Estado. Nove são para a desativação do complexo do Carandiru. Os outros 12, para resolver o problema da superlotação de distritos policiais e cadeias públicas da capital, Grande São Paulo, litoral e Campinas.

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