São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 1997
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Coquetel pode faltar em 40 dias na rede

Ministério não conseguiu liberação de verba

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O coquetel de drogas anti-Aids pode faltar a partir de dezembro na rede pública de saúde. O Programa Nacional de DST-Aids, do Ministério da Saúde, não conseguiu ainda a liberação dos R$ 140 milhões para a compra dos medicamentos necessários para dezembro e janeiro.
O alerta foi feito ontem pelo coordenador do programa, Pedro Chequer, ao anunciar a chegada de 86,5 mil frascos de indinavir, um dos inibidores de protease que fazem parte do coquetel contra o vírus do HIV.
Segundo Chequer, essa remessa garante o abastecimento da droga até o final de novembro. "Precisamos que o Ministério do Planejamento libere os R$ 140 milhões já, do contrário não teremos tempo para os procedimentos de compra", afirmou. Segundo ele, o Ministério da Saúde tem R$ 1,3 bilhão contingenciados, "dinheiro que existe e não foi utilizado".
Para 98, o risco de falta é ainda maior. O Ministério da Saúde solicitou R$ 750 milhões para a compra de drogas anti-Aids, mas a Lei de Diretrizes Orçamentárias baixou para R$ 228 milhões.
Segundo Chequer, já há uma fila de cerca 1.500 pacientes aguardando para tomar o coquetel. Em Estados como o Paraná, o remédio já estava faltando.
Em São Paulo, o coordenador do programa de Aids, Artur Kalichman, disse que o Estado comprou medicação suficiente para até o final do ano, pelo menos. "Estamos sempre trabalhando com um estoque estratégico de dois meses", disse. "Mas se o corte do orçamento do ministério para 98 for mantido, a situação será calamitosa."
Infectologistas vêm alertando para o risco de interrupção do coquetel, combinação de dois ou três drogas anti-retrovirais. Sem a medicação, o organismo permitiria o surgimento de cepas mais resistentes do HIV.

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