São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 1997
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Para especialistas, AL não sofrerá efeitos graves

CLÁUDIA PIRES
DE NOVA YORK

A queda na Bolsa de Hong Kong não deverá trazer consequências graves para os mercados latino-americanos. A opinião é de analistas norte-americanos.
"O que está ocorrendo é um ajuste. Muito do que estava concentrado na Ásia deve está sendo revertido para a América Latina", diz Carlos Navis Guimarães, responsável pelas atividades da Lehman Brothers na América Latina.
Para analistas do Citibank, o mercado latino-americano só viria a sofrer consequências graves se Hong Kong decidisse mexer em seu câmbio, que tem sistema de flutuação semelhante ao argentino. Acham isso pouco provável.
Outra análise prevê diminuição gradual de investimentos em países como o Brasil nos dois últimos meses deste ano. Mas isso não seria reflexo da crise asiática, e sim uma atitude de cautela dos estrangeiros, que estariam aguardando o início de 98 para voltar a investir.
Os analistas em Nova York admitem, no entanto, que a crise no Sudeste Asiático não é passageira.
Reflexos
A área econômica do governo brasileiro continua avaliando que a crise asiática não terá grandes reflexos no Brasil.
"É uma questão de tempo para que o mercado entenda o que está acontecendo no mundo. No Brasil, a tendência é de alta nas Bolsas", disse o coordenador de Política Monetária do Ministério da Fazenda, Joel Bogdanski.
Segundo ele, o mercado de ações é muito volátil e tende a maximizar o que acontece em outros países.
Segundo Bogdanski, também contribuiu para a queda uma interpretação errada do mercado financeiro das explicações do ministro Sérgio Motta (Comunicações) sobre o modelo da privatização da Telebrás.
O diretor-adjunto do BMC, Marcelo Allain, concorda que a queda nas Bolsas brasileiras faz parte do nervosismo inicial do mercado. Segundo ele, não há motivos para queda contínua.
Para José Baia Sobrinho, presidente do Banco Pontual, o Brasil não está sensível a ataques especulativos. "O sistema financeiro do país está forte, as taxas de juro internas são positivas e as reservas internacionais elevadas permitem ao Banco Central controlar qualquer ataque", disse.
Fernão Bracher, presidente do Banco BBA, também não vê motivo para nervosismo em função da crise financeira na Ásia. "É preciso aceitar os fluxos e refluxos da vida (e do mar)", comentou.
Para o diretor do BC Cláudio Mauch, o Brasil já passou por expectativas de que crises financeiras em outros países atingiriam o país. "E essas expectativas foram vencidas. Não vejo essa ligação automática", declarou.

Colaboraram a Reportagem Local e a Sucursal de Brasília

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