São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ameaçado, Corinthians demite Joel

DA REPORTAGEM LOCAL

Joel Santana não é mais o técnico do Corinthians.
A decisão foi tomada ontem à noite, em reunião emergencial de dirigentes no clube.
Na reunião, que avaliava a condição crítica do Corinthians no torneio após a derrota para o Fluminense, anteontem, várias medidas foram tomadas.
O vice-presidente do clube, José Mansur Farhat, afirmou que alguma coisa tinha que ser feita.
O treinador fora contratado havia dois meses para substituir Nelsinho Batista, que se transferiu para o Cruzeiro.
O nome mais forte para assumir o time de Parque São Jorge é o de Candinho, que comandou o Vitória no início do campeonato.
No período de Joel no Corinthians, o time disputou 16 jogos, venceu 4, empatou 2 e perdeu 10.
Vinte dias depois de chegar, Joel trocou toda a comissão técnica. Foram dispensados o treinador de goleiros, Agnaldo, o preparador físico Flávio Trevisan e os auxiliares Wilson Coimbra e Mauro.
Joel trouxe o preparador de goleiros Victor Hugo Signorelli, o auxiliar-técnico José Claudinei Georgini, o assistente Jairo Leal e o gerente de futebol Paulo Angioni.
Uma série de infortúnios marcou a curta passagem de Joel Santana pelo Corinthians.
Na primeira partida em que acompanhou o time, ainda como observador, o Corinthians foi derrotado pelo Atlético-PR, por 2 a 1.
Nesse jogo, seria revelado dias depois, o meia-lateral Fábio Augusto atuara dopado e seria suspenso por 120 dias.
Outra punição severa que surgiria dessa partida recairia sobre o zagueiro Antônio Carlos, que, ao ser expulso no jogo, chutou um médico do Atlético-PR antes de deixar o campo.
Na sua estréia no Brasileiro, contra o São Paulo, o time foi derrotado pelo adversário, iniciando a sequência de maus resultados na competição que culminaria com sua demissão.
Na semana passada, o time foi atacado por torcedores insatisfeitos com a campanha do time na rodovia dos Imigrantes.
Integrantes da torcida uniformizada Gaviões da Fiel atravessaram um ônibus na estrada e, armados de paus e pedras, depredaram o veículo da delegação corintiana.
Ontem, Joel depôs no Ministério Público (leia texto abaixo) sobre a emboscada.
Ele afirmou que não poderia reconhecer quem investira contra o ônibus corintiano, pois mantivera as cortinas fechadas durante todo o ataque.
Até o fechamento desta edição, decidia-se a permanência ou não de Paulo Angioni como gerente de futebol do clube, que deve sair.
Psicóloga dispensada
A psicóloga Fátima Fracon foi outra que perdeu o emprego no Corinthians ontem.
Ela fora contratada na segunda-feira para tentar motivar o elenco. Seu contrato valia até a partida contra o Fluminense. Caso fosse aprovada, prorrogariam-no.
Sua meta era aliviar a "sobrecarga emocional" dos jogadores.
"Ela é psicóloga, não é mágica. Veio dar um reforço e fazer um trabalho mais a longo prazo. É que no momento de adversidade, qualquer coisa nova, as pessoas passam a encaixá-la como salvador da pátria", afirmou Angioni.
Catatonia
A passos firmes, sem dobrar a cabeça para responder, o presidente do Corinthians, Alberto Dualib, limitava-se a murmurar "nada" a todas as perguntas que lhe eram feitas no desembarque em São Paulo, na madrugada de ontem, após a derrota para o Fluminense.
Previsão de troca da comissão técnica, preocupação com o risco do rebaixamento, tudo era respondido com o enfático "nada".
Reflexo da catatonia que dominou o ambiente corintiano após a quarta derrota seguida no torneio, que resultou na demissão de Joel.
"Basta ganhar tudo em São Paulo", concluiu Dualib à saída do aeroporto.
Entre os jogadores, após a derrota, cada um tinha a própria receita para reverter a posição negativa.
"Todos precisam jogar bem. A bola não chega ao ataque. Quando chega, é lenta", afirmou Edílson, justamente um dos responsáveis pela ligação do meio com o ataque.
Já o volante Gilmar aventa qualquer possibilidade para o time não ser rebaixado, até mesmo o "jeitinho brasileiro".
"Vamos ver o que vai acontecer. O Fluminense deveria estar rebaixado. Não está", afirmou.

Texto Anterior: Líderes gastam 8 vezes menos
Próximo Texto: Clube quer jogo na Fazendinha
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.