São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 1997
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Abreu ilumina riso popular

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Luís Alberto de Abreu não é autor preso a gêneros. Arriscou-se na poesia neoclássica de "Guerra Santa", na alegoria bíblica de "O Livro de Jó" e até no teatro físico, mudo, de "Boteco".
Agora está em cartaz com uma comédia popular na melhor tradição ibérica (aqui sobretudo nordestina). "Burundanga", ou confusão, não tem pouco apuro e ambição estética em sua apresentação, à primeira vista simplista.
A partir de uma dupla cuidadosamente desenhada de pícaros, típicos do gênero (como o João Grilo de "Auto da Compadecida"), João Teinté e Matias Cão, ergueu uma galeria de tipos de igual e emocionante memória social, como a negra empregada Benedita, que vem do mamulengo.
Mas o autor não se limita ao "resgate". Contrapõe os tipos a uma moldura contemporânea tanto na trama, que ridiculariza o regime militar, quanto nas referências, aqui e ali, à cultura de massa, até às telenovelas.
Com um elenco -da Fraternal Cia. de Artes e Malas-artes- coeso e com momentos de excelência, "Burundanga" não deixa nada a dever às obras anteriores de Luís Alberto de Abreu.
(NS)

Peça: Burundanga
Direção: Ednaldo Freire
Quando: sáb, às 21h; dom, às 19h
Onde: Teatro Ruth Escobar (r. dos Ingleses, 209, tel. 011/289-2358)
Quanto: R$ 10

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