São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ator Hopper mostra face de fotógrafo

SUZI FEAY
SUSAN GLEN

SUZI FEAY; SUSAN GLEN
DO "THE INDEPENDENT"

É só mencionar o nome de Dennis Hopper e do nosso inconsciente surgem personagens desagradáveis como Frank Booth, de "Veludo Azul", o esquizofrênico repórter de guerra de "Apocalypse Now" e toda uma coleção de figuras cinematográficas malucas.
Todos sabem muito bem quem é Hopper, o doido. Mas será que alguém conhece Hopper, o fotógrafo e artista?
Na verdade, ele já pintava quando, aos 18 anos, foi contratado pela Warner Brothers. Fez sua primeira exposição fotográfica em 1961 e a lista de suas exposições, pinturas, instalações e performances é imensa. Agora, talvez sentindo o passar do tempo, ele quer ver seus méritos reconhecidos.
Todos os anos, a cidade medieval de Cahors, no sul da França, é a sede de um festival de fotografia, patrocinado pela Fundação Cartier. Hopper é o convidado especial deste ano.
A nossa entrevista foi no enorme salão de um castelo, com vista para a piscina. Hopper entra, muito magro e queimado de sol. "Antes de mais nada, vou fazer xixi", diz.
Entrevistar Hopper não é uma questão de perguntas e respostas convencionais. Algumas vezes, é possível mudar sua linha de pensamento fazendo alguma exclamação bem colocada. Mas é só errar o momento e ele fica em silêncio durante alguns segundos, olhando fixamente para você, com seu frio olhar de réptil.
"O primeiro trabalho fotográfico que montei utilizava uma máquina de imprimir sobre linóleo. Eu a fotografei na tela, imprimi a foto com ela e coloquei o próprio objeto no trabalho. A obra foi denominada "The Proof" ("A Prova") e há quem diga agora que essa obra foi, provavelmente, a precursora de toda a arte conceitual."
Suas fotografias dos artistas da década de 60 são tranquilas, reveladoras e masculinas. "O mundo da arte sempre foi uma espécie de 'clube do bolinha' e, basicamente, ainda o é. Hopper diz que largou as artes quando fez a instalação "Bomb Drop", com um detonador de bomba enorme em formato fálico, e "ninguém disse nada".

Tradução Maria Carbajal

Texto Anterior: Ed Motta dá um banho em novo CD
Próximo Texto: Kiarostami traz o sabor do Irã
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.