São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 1997
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'O Estrangeiro Louco' conclui trilogia cigana

RUI MARTINS
ESPECIAL PARA A FOLHA, NA SUÍÇA

Ao completar sua trilogia sobre o povo cigano, o argelino Tony Gatlif emocionou 3.000 pessoas no Festival de Locarno, em agosto. Rodado na Romênia, "O Estrangeiro Louco" termina série de Gatlif iniciada há 15 anos, com "Os Príncipes", e seguida, há quatro anos, de "Latcho Drom".
Gatlif, apesar de seus nove filmes, é pouco conhecido fora da comunidade cigana. Leia a seguir trechos da entrevista que o cineasta concedeu à Folha, em Locarno.
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Folha - Fale-nos da sua trilogia sobre os ciganos.
Tony Gatlif - Com "O Estrangeiro Louco", concluo tudo o que tinha para contar sobre os ciganos. Para fazer "Os Príncipes", contei tudo que de pejorativo vivi, desde a infância. Em "Latcho Drom", expliquei de onde vêm os ciganos, desde a Índia até a Andaluzia, por meio da música. Estava faltando contar como era a vida dos ciganos, com seus palavrões e festas, e fiz "O Estrangeiro Louco".
Folha - Como os ciganos interpretaram seus papéis?
Gatlif - O velho Isidore, por exemplo, nunca tinha feito nem fotos, antes do filme. Era um músico do interior, na Transilvânia, que contratei para o filme pela maneira cabotina como tocava, pela espontaneidade. Rona, que é atriz, precisou entrar no mundo cigano, para não ficar falso seu papel, e procurou dormir nas tendas das mulheres. O que não foi preciso com Romain, o ator, porque seu papel era justamente o do gadjo, do não-cigano, do estrangeiro.
Folha - Como foi a escolha de Romain, como o ator estrangeiro?
Gatlif - Queria alguém que fosse um típico representante da burguesia francesa. Romain é isso, alguém que estudou belas-artes.
Folha - E Rona?
Gatlif - Eu estava fazendo um casting entre as ciganas atrizes em Bucareste, depois de ter feito na França e na Alemanha, mas não achava ninguém que fosse selvagem e feminina. Foi aí que alguém me mostrou um vídeo com Rona.

Onde: hoje, às 21h10, no Masp - Grande Auditório

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