São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 1997
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VÍRUS ASIÁTICO

A queda nas Bolsas de Valores assumiu ontem dimensões globais. A questão fundamental, mais uma vez, é: até onde irá o contágio?
Desde a crise mexicana e mesmo ao longo dos últimos meses, quando avançou a crise asiática, os mercados internacionais passaram por vários momentos de apreensão.
Mas, vista contra um horizonte de tempo mais longo, a turbulência financeira tem sido principalmente local. Ainda não há motivos para crer que agora possa ser diferente.
Cada episódio assume contornos mais ou menos graves. Aliás, é preciso levar em conta a psicologia dos mercados financeiros. O otimismo e o pessimismo são ciclotímicos, vai-se da alegria à depressão com rapidez e por quase nada.
Entender esse comportamento cíclico é fundamental. Quando se exagera no pessimismo, a correção em sentido oposto é quase inevitável.
A crise nos mercados asiáticos, por exemplo, leva os investidores a uma corrida em busca de refúgios. Hoje esse refúgio natural é o dólar e ativos financeiros como os títulos do Tesouro norte-americano.
Ora, com o aumento na procura por tais fundos em dólar, reduz-se ainda mais a probabilidade de uma elevação das taxas de juros nos Estados Unidos. Ou seja, mantém-se um horizonte de crescimento econômico nos EUA. Ao mesmo tempo, o dólar valorizado barateia as importações, permitindo maior dinamismo sem pressões inflacionárias.
O outro lado então aparece: economias com vocação exportadora e câmbio ajustado, como as asiáticas, tendem a ganhar com o aumento de importações e o crescimento dos EUA. Tal fato cria um horizonte positivo no médio e longo prazo que, na prática, pode até compensar as dificuldades do curto prazo.
Isso não elimina os riscos nem garante que esta ou aquela economia fique imune a crises localizadas e ataques especulativos. Mas relativiza o pessimismo que ganha força quando os especuladores se desesperam.

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