São Paulo, sábado, 25 de outubro de 1997
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Assembléia descobre 450 'fantasmas'

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

O último dia de recadastramento de servidores da Assembléia Legislativa de Alagoas foi marcado pela presença de socialites, empresários, vereadores e fazendeiros.
No recadastramento, os servidores estão recebendo um cartão magnético que será usado para controlar a presença no trabalho. É uma tentativa da mesa diretora de reduzir gastos pagando apenas àqueles que realmente trabalham.
Acostumados à impunidade e ao apadrinhamento, muitos fantasmas nem sequer se preocuparam em se recadastrar -pouco mais da metade cumpriu o prazo.
"Se os funcionários voltarem todos, não haverá local para trabalharem", disse o procurador-geral da Assembléia, Mendes de Barros.
O presidente da Assembléia diz não poder demitir servidores, pois são estáveis ou comissionados.
"Para funcionar bem, precisamos de 700 pessoas. O restante vou emprestar para setores do governo que estejam necessitando", disse.
Ele conta que, ao assumir, havia 5.300 funcionários e diz ter reduzido os gastos com funcionalismo de R$ 6,5 milhões para R$ 4,2 milhões com a saída de 2.750 pessoas.
Os cortes atingiram os 27 deputados, que recebem, por mês, R$ 6.500, mais verba de gabinete de R$ 13 mil e R$ 28 mil para o pagamento dos 30 funcionários de confiança a que cada um tem direito.
Suruagy afastado
Licenciado do cargo de governador desde 17 de julho passado, Divaldo Suruagy (PMDB) teve seu mandato cassado por liminar judicial de primeira instância.
O juiz da 26ª Vara de Maceió, Roldão Oliveira Neto, acatou ação popular e decidiu pela ilegalidade do decreto da Assembléia que deu licença de 180 dias a Suruagy. Alegou que o ato do governador foi "renúncia tácita" e determinou que o atual governador, Manoel Gomes de Barros (PTB), exerça o cargo "de forma definitiva".
Suruagy foi forçado a pedir licença por manifestação popular, em 17 de julho, dia em que seu impeachment seria decidido pelos deputados. Ele é acusado de crime de responsabilidade por supostas irregularidades na emissão de R$ 301,6 milhões em títulos públicos.
Cercado por cerca de 15 mil manifestantes, os deputados foram ameaçados de morte caso mantivessem Suruagy no cargo. Houve troca de tiros entre tropas do Exército e manifestantes, a maioria policiais militares e civis, na época, em greve. A solução foi a licença.
Ontem, Suruagy disse à Agência Folha que a decisão do juiz "é doidice, um negócio absurdo". Ele recorre na segunda-feira.

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