São Paulo, sábado, 25 de outubro de 1997
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PF quer quebrar sigilo da Monte Cristo

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal decidiu solicitar à Justiça a quebra do sigilo bancário de Samir Assad e de sua empresa, o Grupo Monte Cristo.
A polícia suspeita que ele seja o responsável pela emissão de notas fiscais falsas, num total de cerca de R$ 18 milhões, que podem ter sido usadas para "esquentar" dinheiro do esquema dos precatórios ou de campanhas eleitorais.
O pedido de quebra de sigilo deve ser encaminhado na próxima semana pelo delegado responsável pelo caso, Eldo Saraiva Garcia.
Segundo a Folha apurou, a PF investiga a possibilidade de a Monte Cristo "esquentar" dinheiro de campanhas eleitorais porque o esquema é semelhante ao usado pela empresa Paubrasil Engenharia e Montagem, que arrecadou dinheiro para campanhas eleitorais do ex-prefeito Paulo Maluf.
A Paubrasil emitia notas fiscais falsas registrando a prestação de serviços inexistentes para grandes empresas. Essas empresas pagavam pelos supostos serviços, que não eram prestados. O dinheiro pago ia para a campanha, e as empresas tinham como justificar a despesa junto à Receita Federal.
No caso da Monte Cristo, foram encontradas notas fiscais de prestação de serviços no valor de até R$ 2,1 milhões. Mas ex-funcionários da própria Monte Cristo afirmaram em depoimento à PF que as notas são falsas e que a empresa não tem condições técnicas de prestar os referidos serviços.
A PF investiga também a relação entre a Monte Cristo e o esquema dos precatórios. Ela encontrou nas notas fiscais falsas emitidas para a construtora OAS, e outras duas empresas ligadas a ela, o nome de Victor Hugo Castanho, que recebeu R$ 100 mil do esquema de emissão irregular de títulos de Santa Catarina.
Castanho trabalhou na Prefeitura de São Paulo na gestão Erundina (89-92). Ali, ficou amigo de Wagner Ramos, suspeito de gerenciar o esquema dos precatórios.
Outro lado
Segundo o advogado da OAS, Márcio Thomaz Bastos, a empresa contratou serviços de propaganda em eventos realizados pela Monte Cristo. "O Castanho não era funcionário da OAS. Ele intermediava o contato da empresa com os realizadores dos eventos onde aparecia a propaganda da OAS."
O empresário Samir Assad não foi encontrado. Sua secretária informou que ele estava viajando.
Segundo o advogado de Assad, Paulo Esteves, se a PF quebrar o sigilo bancário de seu cliente "não vai encontrar nada".
O advogado afirmou que a PF está confundindo o nome da Monte Cristo com o de outras empresas homônimas. "Ela não tem nenhuma relação com precatórios ou dinheiro de campanhas eleitorais."

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