São Paulo, sábado, 25 de outubro de 1997 |
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É preciso gastar bem, não mais, diz FHC WILLIAM FRANÇA WILLIAM FRANÇA; PATRICIA ZORZAN
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem, durante a inauguração de uma obra em Uberlândia (MG), que "saúde não é dinheiro, só" e que "não se resolve a questão da saúde com mais um milhão ou um bilhão". Ele respondia ao manifesto dos parlamentares que pediram mais empenho do governo no setor. FHC repreendeu em público o ministro da Saúde, Carlos Albuquerque, que estava ao seu lado, afirmando que para melhorar o setor é necessário saber gastar -controlando a burocracia, evitando desperdícios e combatendo os casos de corrupção-, e não apenas gastar mais. Albuquerque, anteontem, aderiu às críticas feitas pelo ex-ministro Adib Jatene e por parlamentares ao bloqueio de repasses de cerca de R$ 1,3 bilhão, promovido pela equipe econômica. Depois da repreensão, diante de uma platéia de prefeitos do interior de MG, o ministro mudou o tom do discurso, adequando-o ao de FHC. "Como disse (o presidente), não é apenas de recursos que se faz a gestão da Saúde. Os recursos são importantes, são poucos, precisam ser aumentados, mas é preciso que nós estejamos preparados para podermos fazer com que esses recursos de fato cheguem a seu destino", afirmou Albuquerque. FHC buscou enfatizar a necessidade de modificar o critério de investimento em Saúde. O presidente citou dados para avaliação dos "resultados finais": o aumento de R$ 60 para R$ 112 do gasto per capita em Saúde e a redução em 40% da mortalidade infantil, segundo ele conseguidos em seu governo. FHC anunciou que quer fechar "mais órgãos inúteis" ligados ao ministério -a exemplo da Ceme (Centrais de Medicamentos)- e acabar com o "gasto inútil para o povo", que é o dinheiro pago a "centenas de milhares de funcionários (do ministério) que não têm o que fazer". Na comitiva presidencial estavam dois dos quatro líderes governistas que assinaram o manifesto: os deputados mineiros Aécio Neves (PSDB) e Odelmo Leão (PTB). FHC anunciou que em breve o Ministério da Saúde lançará um programa de recuperação das emergências dos grandes hospitais públicos, com equipamentos e pessoal, e de recuperação da função de atendimento emergencial dos postos de saúde. Segundo Neves, os parlamentares que assinaram o documento não pretendiam criticar o governo. Mas ressaltou que os gastos não podem comprometer a estabilidade com um eventual aumento de verbas para o setor. Colaborou Patricia Zorzan, enviada especial a Uberlândia Texto Anterior: Grupo ataca trens no Rio Próximo Texto: Verba menor ameaça prorrogação da CPMF Índice |
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