São Paulo, sábado, 25 de outubro de 1997
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Plano para educação é lançado no NE

BETINA BERNARDES
ENVIADA ESPECIAL A TERESINA E SÃO LUÍS

Distribuição de merenda, sistema de transporte para a escola e capacitação de professores leigos foram alguns dos desafios listados por prefeitos do Piauí para implementar o programa "Toda Criança na Escola", que visa introduzir no sistema de ensino crianças de 7 a 14 anos que hoje estão fora.
Os Estados do Piauí e do Maranhão, respectivamente com 18,5% e 20,5% da população dessa faixa etária fora da rede de educação, foram os escolhidos pelo ministro da Educação, Paulo Renato Souza, para o lançamento do programa.
"Com o Fundão, cada município ganhará mais dinheiro quanto maior for o número de alunos matriculados", disse o ministro.
O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, o Fundão, é composto por 15% da arrecadação de impostos de Estados e municípios e deve somar no ano que vem R$ 15 bilhões.
Dessa quantia, 60% devem ser aplicados na remuneração de professores. Estados e municípios recebem os recursos de acordo com o número de alunos matriculados no 1º grau.
A cidade de Jaicós (PI), com economia baseada na castanha de caju e feijão, tem 42,8% das crianças de 7 a 14 anos fora da escola.
Para o prefeito Crisanto Neto (PPB), é essencial que seja melhorado o sistema de transporte para levar as crianças até a sala de aula.
"Temos apenas oito veículos para levar alunos e professores e as distâncias são grandes. Tem criança que anda até cinco quilômetros a pé para chegar à escola. Com o tempo ela acaba desistindo."
Outro fator de dificuldade é a merenda. "O pai chama a criança para trabalhar, mas se a escola tiver garantia de oferecer comida, eles deixam os meninos lá, pois sabem que estarão alimentados."
Em Jaicós, o salário médio do professor de 1º grau é de R$ 50. Cerca de 50% deles são leigos.
Outro problema nos dois Estados é a distorção entre a idade dos alunos e a série que eles cursam. No Piauí, 44,5% dos estudantes estão com mais de dois anos de distorção e no Maranhão, 41,9%.
O Maranhão iniciou em 95 um programa de aceleração escolar e conseguiu matricular 19 mil alunos em classes de aceleração. A aprovação foi de 80%.

A jornalista Betina Bernardes viajou a convite do Ministério da Educação

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