São Paulo, sábado, 25 de outubro de 1997
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Covas recebe versão final de lei de defesa do usuário

EUNICE NUNES
ESPECIAL PARA A FOLHA

O governador de São Paulo, Mário Covas, recebe nesta segunda-feira a versão final do anteprojeto de lei de defesa do usuário de serviços públicos do Estado. Em seguida, a proposta será encaminhada à Assembléia Legislativa.
O anteprojeto procura dar ao cidadão que usa os serviços públicos instrumentos de proteção semelhantes aos previstos no Código de Defesa do Consumidor, para que ele possa reclamar e exigir um serviço adequado.
"A proposta entende o usuário do serviço público como um cliente. Por isso, o governo já está investindo em treinamento de pessoal, para que os funcionários compreendam qual é o seu papel", informa Belisário dos Santos Júnior, secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo.
Guido Andrade, presidente da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), acredita que a lei dará ao cidadão alento para cobrar tratamento digno e diminuirá a burocracia.
"Se a legislação vigente exige respeito ao consumidor, por que não um tratamento semelhante para o usuário do serviço público?", indaga Andrade.
O anteprojeto estabelece como direitos básicos do usuário: 1) a informação; 2) a qualidade na prestação do serviço; 3) o controle adequado do serviço público.
Por exemplo, o cidadão terá o direito de obter informações precisas sobre o horário de funcionamento, o tipo de atividade exercida em cada órgão ou o nome do responsável pelo atendimento ao público, seja pessoalmente, por telefone ou outra via eletrônica.
"É preciso acabar com a filosofia do guichê. Não faz mais sentido a pessoa passar de guichê em guichê e, às vezes, sem sequer obter a informação desejada. As pessoas têm o direito de ser bem atendidas pessoalmente, por telefone, fax, Internet e todas as vias disponíveis hoje", diz o secretário.
O anteprojeto prevê a criação de canais de comunicação, por meio dos quais os usuários poderão manifestar-se, seja para reclamar, seja para apresentar sugestões.
Esse papel será exercido pelas ouvidorias e comissões de ética, que serão instituídas em todos os órgãos e entidades prestadoras de serviços públicos estaduais. Serão elas as responsáveis pelo controle da qualidade dos serviços.
Segundo o anteprojeto, caberá às ouvidorias avaliar a procedência de reclamações, denúncias, sugestões e encaminhá-las às autoridades competentes.
O objetivo é a correção de erros, desvios, omissões ou abusos na prestação dos serviços públicos, assim como a apuração de atos de desonestidade.
Odete Medauar, vice-diretora da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), considera boa a iniciativa do governo, mas lembra que só a lei não resolve.
"De qualquer maneira, o cidadão poderá cobrar de alguém um bom serviço. Poderá apresentar a alguém as suas reclamações", diz.
Será divulgada anualmente uma lista de órgãos públicos que sofreram reclamações.

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