São Paulo, sábado, 25 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O FOGUETE BRASILEIRO

O governo está para lançar o primeiro foguete nacional com um satélite brasileiro a bordo. Se a viagem do Veículo Lançador de Satélites 1, o foguete VLS, for bem-sucedida, o Brasil vai fazer parte de um clube restrito de países capazes de oferecer serviços no mercado de transporte espacial. Descrita dessa forma -entrar no mercado espacial-, a missão do VLS fica reduzida à sua dimensão econômica e perde-se de vista o quanto projetos como esse resultam em capacitação tecnológica.
Os satélites brasileiros e o VLS são alguns dos raros equipamentos de ponta criados quase totalmente no Brasil. Além de as tecnologias desenvolvidas e a experiência acumulada terem efeito multiplicador -capacitando o país em áreas conexas às do projeto básico, o programa espacial vai permitir o barateamento e ganho de autonomia em pesquisas na área de coletas de dados no espaço, importantes especialmente para a meteorologia e o sensoriamento remoto de recursos naturais. Quanto ao lançamento de cargas como satélites, o país pode deixar de gastar com a contratação de empresas estrangeiras para realizar esse tipo de serviço. Hoje, o Centro de Lançamento de Alcântara já vende lançamentos para pesquisadores europeus. Mais promissor, o país pode disputar o mercado de lançamento de pequenos satélites em altitudes menores. Isto é, trata-se de um serviço essencial para a expansão das telecomunicações, um dos negócios que mais crescem no planeta. Apesar desses prognósticos, os responsáveis pelo Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) não pretendem fazer com que o projeto espacial "se pague" no curto prazo. Pode ser uma perspectiva aceitável, dados os ganhos que o projeto pode trazer para o país -e as perdas que ele pode evitar tanto em termos de recursos como de desenvolvimento científico. Mas, segundo a Agência Espacial Brasileira, o governo pretende investir R$ 619 milhões até o ano 2000 no PNAE. Espera-se agora que o programa, já de longa maturação, comece a dar frutos de modo a justificar as verbas investidas e os benefícios anunciados.

Texto Anterior: RETROCESSOS NA SAÚDE
Próximo Texto: Emoções, de antes e de agora
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.