São Paulo, domingo, 26 de outubro de 1997
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País cria 318 mil empregos neste ano

VALDO CRUZ; FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Empresas aumentam oferta de vagas no interior, onde investimentos e salários são menores

Continua faltando emprego com carteira de trabalho assinada no país, mas a situação até agosto deste ano melhorou 243% em relação a igual período de 96.
Essa recuperação se deu principalmente por causa do aumento de vagas de trabalho no interior do país. Dos 318 mil empregos criados neste ano, apenas 30 mil nasceram nas nove principais regiões metropolitanas do país.
Apesar desses números positivos, os dados para os últimos 12 meses (setembro de 96 a agosto de 97) ainda são ruins. Nesse período, foram eliminadas 45.597 vagas formais no Brasil.
"Não sabemos ainda como o ano fechará, mas a tendência até agora é bem melhor do que em 96. Podemos reverter o quadro observado no ano passado", afirma o secretário de Políticas de Emprego e Salário do Ministério do Trabalho, Daniel Oliveira.
O assessor não crava um número para o final de 97 por um simples motivo: no final do ano ocorre um movimento de dispensa de caráter sazonal ligado ao término do período natalino. A indústria demite primeiro, depois o comércio.
No ano passado, o setor formal eliminou 271.298 vagas, apesar do comportamento positivo que também tinha sido observado até o mês de agosto. "Só que agora o movimento até agosto é bem melhor", ressalta Oliveira.
O secretário reconhece, porém, que a recuperação em curso ainda não é suficiente para absorver toda a mão-de-obra em oferta.
As vagas formais estão crescendo, mas tem muito trabalhador procurando emprego, o que é refletido nas taxas de desemprego do IBGE e Dieese.
Dados do próprio Ministério do Trabalho mostram, por exemplo, que de janeiro de 90 até agosto deste ano o mercado formal cortou 2,086 milhões de vagas formais.
Razões do crescimento
A recuperação do nível de emprego formal observada até agosto é atribuída pelo secretário a dois motivos. O país deve crescer neste ano num ritmo superior ao do ano passado: cerca de 4% do PIB (Produto Interno Bruto) em 97, contra 2,9% em 96.
Além disso, Oliveira acredita que a fase mais aguda do ajuste estrutural da economia pode estar passando. "O país vive um momento de novos investimentos."
O Ministério do Trabalho não divulgava os números sobre emprego formal desde janeiro deste ano. Os técnicos estavam refazendo os cálculos dentro de uma nova metodologia. Havia distorções encontradas no número total de empresas registradas no ministério.
Mesmo na metodologia antiga, os números comprovam a tendência de recuperação do emprego formal na economia.
Pela metodologia antiga, inclusive, o crescimento entre os dois períodos de 96 e 97 é maior: 279%, contra 243% pelos novos cálculos.
Até agora, o ministério detalhou os dados apenas pela nova metodologia. Quando forem divulgados oficialmente, o governo diz que fará a divulgação dos dados completos pelo sistema antigo.
Rumo ao interior
Os números do Ministério do Trabalho mostram o que está acontecendo na economia brasileira: os empresários estão fugindo das áreas metropolitanas em busca de um custo de investimento menor -terrenos mais baratos e salários menores.
Os dados indicam que nos últimos 12 meses (setembro de 97 a agosto de 96) foram eliminadas 49.179 vagas na Grande São Paulo. Já no interior paulista, houve a criação de 7.340 empregos.
Neste ano, o interior paulista atrai mais novos investimentos: de janeiro a agosto de 97 foram criadas, em São Paulo, 146.178 novas vagas -sendo 142.102 no interior do Estado e apenas 4.076 na Grande São Paulo.
Os números de Minas Gerais também indicam que o interior do Estado está sendo beneficiado pela fuga das empresas paulistas da área metropolitana de São Paulo.
Nos oito primeiros meses deste ano foram criados 71.816 empregos formais em Minas Gerais. O interior abocanhou 55.240 vagas. A região metropolitana de Belo Horizonte ficou com 16.576.

LEIA MAIS sobre o mercado de trabalho nas págs 2-4 a 2-6

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