São Paulo, domingo, 26 de outubro de 1997 |
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Executivo programa sua agenda cultural
SUZANA BARELLI
"A cultura muda a nossa rotina e supre a nossa necessidade de descansar o espírito", afirma Fernando Salvia, sócio do escritório Martins e Salvia Advogados. Salvia é assinante do Teatro Cultura Artística, vai uma vez por mês ao cinema e tem, atualmente, 15 livros na cabeceira de sua cama. Além disso, acompanha atentamente as programações de museus e teatros. Queixa Sua única queixa é que, muitas vezes, os compromissos profissionais disputam -e ganham- o espaço reservado às programações culturais em sua agenda. A mesma crítica faz o empresário Horácio Piva, vice-presidente da Fiesp, a federação das indústrias paulistas. Na semana passada, ele lamentava não poder assistir à ópera "Tosca", de Giacomo Puccini, no Theatro Municipal de São Paulo. "Sou muito curioso com a cultura e um devorador de publicações a respeito", afirma o empresário, que estudou clarinete na infância e diz ter predileção pela arte contemporânea. Eduardo Bom Angelo, diretor do Pactual Previdência, tem mais sorte. Quando trabalhava numa empresa multinacional, fazia diversas viagens pela América Latina e aproveitava para estudar a história dos países, principalmente a da Argentina. "Tenho forte tendência pela música clássica, mas adorei descobrir a sonoridade típica latino-americana", afirma Bom Angelo, que diz que aprendeu a viajar para se enriquecer culturalmente. Viajando Viagens internacionais de negócios, aliás, são as grandes aliadas desses executivos na busca por mais conhecimentos culturais. Em sua última viagem a Nova York, Fernando Salvia participou de um seminário pela manhã e visitou museus à tarde. "Já viajo com a agenda cultural reservada." Quando não consegue comprar os ingressos, ele chega dez minutos antes de começar o espetáculo e, na bilheteria, entra na fila de desistência. "Sempre aparecem bons lugares." Bom Angelo afirma que, nessas viagens, sempre dá "uma passadinha" nos museus quando o tempo é escasso. "Sempre há um espetáculo novo ou algo para apreciar." Carlos Alberto Piazza, diretor de marketing da Credicard, contabiliza em seu currículo cultural a passagem por 78 países. "A consequência é que minha casa é um verdadeiro museu, com objetos de toda parte." Suas viagens têm um objetivo principal: conhecer os códigos culturais dos diferentes lugares. "É preciso aprender e se emocionar com a história", afirma. O executivo, que foi cantor lírico infantil do Theatro Municipal de São Paulo, diz que planeja seus passeios com pelo menos oito meses de antecedência. Ele estuda guias, usa a Internet e procura muitas programações que não constam nos guias tradicionais. Quando está no Brasil, ele segue a mesma lógica. "É preciso ter a curiosidade de descobrir as manifestações culturais." Raciocínio semelhante tem Pedro Corrêa do Lago, dono da livraria do mesmo nome. Para ele, só a curiosidade tornará o homem curioso por cultura. E o conselho vale até para óperas. Texto Anterior: Crise na Ásia ameaça economias industrializadas Próximo Texto: Diversos critérios ajudam a montar o roteiro Índice |
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