São Paulo, domingo, 26 de outubro de 1997
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'Lei no Natal!'

JUCA KFOURI

Quase passaram uma bola pelo meio das pernas de Pelé. Mas ele se impôs. O regime de urgência da votação de seu projeto tinha, antes de mais nada, um caráter simbólico.
Ou o governo o requeria e demonstrava claramente seu apoio ou seria melhor nem ter saído de casa.
Ao retirá-lo, porque, de fato, o pouco prazo punha em risco a aprovação, também seria necessário que fossem dadas garantias de que a discussão não ficaria para as calendas gregas. E FHC as deu.
"Lei no Natal" é a palavra de ordem das lideranças no Congresso. E lei sem mexer no essencial do projeto é o que garante o deputado Luís Eduardo Magalhães, em comum acordo com o presidente da Câmara, Michel Temer, com o vice-líder tucano Ronaldo Cezar Coelho, com o líder do PFL Inocêncio de Oliveira e o endosso do presidente e do relator da comissão que analisa o projeto, deputados Germano Rigotto e Tony Gel. O tempo, na verdade, opera a favor de Pelé.
Cada vez mais os sinais são de entendimento das idéias básicas e cada vez mais são frequentes as notícias dando conta de que um Botafogo, um Flamengo ou Grêmio, independentemente da aprovação do projeto, buscam se organizar como empresas.
Além do mais, mesmo que o projeto não venha a ser aprovado na comissão, sabidamente mais hostil que o plenário da Câmara, está fartamente demonstrado que quando o governo quer ganha de goleada exatamente no plenário.
E o governo quer, acreditemos ou não os mais céticos. Até porque, pela primeira vez um projeto do Poder Executivo nesta gestão tem o apoio também da oposição.
Ao mesmo tempo, Pelé e Fábio Koff, o presidente do Clube dos 13, já se falaram ao telefone na última segunda-feira e desanuviaram um pouco o clima de discórdia que havia e vão se encontrar.
Direito de preferência para quem revela um jogador, clube-empresa com regimes distintos para grandes e pequenos, bingos sob nova ótica, tudo é negociável, segundo Pelé, desde que o essencial permaneça intocado.
E a veemente adesão de Carlos Arthur Nuzman, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, ao clube-empresa, acrescentou mais otimismo ao clima de quase euforia no Ministério dos Esportes.
"Lei no Natal!", pois, desde que, é claro, o ministro permaneça de pernas fechadas.
E de olhos bem abertos.

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