São Paulo, domingo, 26 de outubro de 1997
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Caratê neles!

LAVÍNIA FÁVERO

Lutadoras dizem que traição e mentira merecem um golpe à altura
Participaram deste debate as caratecas Silvana Siqueira, 26, Alessandra Guidio, 24, e Cynthia Monteiro de Carvalho, 26.
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Revista - Como é que vocês se tornaram caratecas?
Alessandra - Eu comecei mais por curiosidade, para saber o que era uma luta, uma arte marcial. Optei pelo caratê porque é uma luta que não tem muito contato com o adversário.
Silvana - Uma amiga me convidou para fazer uma aula, e eu fui de alegre. Gostei tanto que não parei mais.
Cynthia - Eu comecei quase junto com a Silvana.
Revista - E qual é a reação dos homens quando ficam sabendo que vocês lutam caratê?
Alessandra - É muito engraçado. A maioria diz: "Então eu não posso mexer com você que vou levar porrada?". Claro que não é bem assim, o caratê é uma defesa pessoal. Pratico há oito anos e nunca dei golpes em ninguém no dia-a-dia. Espero continuar não precisando.
Silvana - Eu também, mas se precisar...
Revista - E o que um homem precisa fazer para despertar o lado carateca de vocês?
Alessandra - Acho que eu daria um golpe em um engraçadinho que tentasse passar a mão em mim. Hoje em dia é muito comum os homens desrespeitarem as mulheres, e o pior é que muitas delas aceitam e acham isso normal. Os caras acham que todas as mulheres são iguais e acabam tratando todas do mesmo jeito.
Silvana - Sempre tem um folgadinho que tenta me testar quando digo que luto. Se algum desses me desafiasse num dia em que eu estivesse mais invocada, acho que mostraria o que sei.
Cynthia - Principalmente se eu visse que a brincadeira é de mau gosto.
Silvana - Forçar a barra. Aquele cara que percebe que você não quer e ainda continua insistindo.
Revista - E num relacionamento, o que é golpe baixo para vocês?
Cynthia - Mentira é a pior de todas as coisas.
Silvana - Traição.
Cynthia - Que também é uma espécie de mentira. O cara finge que quer alguma coisa com você e faz a mesma coisa para outras mulheres.
Alessandra - Eu também não tolero mentira.
Revista - E, nesses casos, vocês usariam as artes marciais?
Cynthia - Eu acho que golpe baixo se responde com classe, senão é descer ao nível da pessoa que magoa você.
Silvana - Mesmo se fosse traição?
Cynthia - Eu acho que ia tentar conversar primeiro, ver o que aconteceu, por que ele fez isso.
Silvana - Imagina! Eu, uma vez, estive nesta situação e não consegui manter a classe: segui o carro dele. O pior é que acabei batendo o carro num coqueiro. O coqueiro caiu em cima do meu carro, e ele viu tudo.
Alessandra - Eu, como já nasci esquentada, acho que não ia resistir, não: enchia os dois de porrada, sem me importar com quem estivesse por perto.

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