São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997
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Jovens criam novas regras de segurança

DA REDAÇÃO

O medo, seja da polícia ou dos próprios "colegas", está obrigando os jovens pobres das periferias das grandes cidades a criar suas próprias regras de segurança. Símbolos de status, como tênis ou roupas caras, estão sendo deixados de lado.
Mudanças de comportamento como essa foram detectadas por entidades que dão assistência a adolescentes no Rio e em São Paulo. No Rio, o assunto foi tema central do estudo "Violência e Juventude Urbana Pobre", feito pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) com 120 jovens.
A pesquisa, realizada nos anos de 1995 e 1996 no morro do Borel e no subúrbio de Anchieta (zona norte), foi concluída neste ano e obtida com exclusividade pela Folha.
A regra de sobrevivência número um dos jovens pesquisados é ter a polícia como inimigo. Quando a polícia chega, a reação unânime é sair da rua imediatamente. Quando a polícia está por perto, os bonés somem das cabeças. A tática é usada para não ser confundido com funkeiro. Para não ser roubado, o jovem deixa o tênis importado em casa.
Em São Paulo, a situação não é diferente, segundo a socióloga Maria Stella Graciani, coordenadora do Núcleo de Trabalhos Comunitários da PUC (Pontifícia Universidade Católica). "O adolescente, negro, pobre, que mora na periferia reúne as características que indicam uma pessoa que não pode usar uma roupa de marca ou um tênis diferente."

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