São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997
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Entidades solicitam mais recursos

ALTINO MACHADO E LUCAS FIGUEIREDO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS, E DO ENVIADO ESPECIAL

Os investimentos do governo para assuntos de meio ambiente na Amazônia têm sido insuficientes e resultam basicamente das doações feitas pelo G-7 (EUA, Reino Unido, França, Canadá, Japão, Alemanha e Itália) para o programa de proteção da floresta.
Esse é o principal argumento das organizações não-governamentais GTA (Grupo de Trabalho Amazônico) e Amigos da Terra para convencer os países mais ricos do mundo a participar de novos investimentos em favor da questão ambiental amazônica.
O argumento, expresso em documento obtido pela Folha, favorece o governo ao pressionar os países doadores por mais recursos, mas, ao mesmo tempo, faz uma crítica à posição brasileira.
A posição do GTA e da Amigos da Terra representa o ponto de vista de 355 ONGs e de movimentos sociais da região.
Para as ONGs, "configura-se na Amazônia um cenário de grande preocupação, em que a incapacidade gerencial do Estado terá à frente o potencial impacto de expressivos investimentos que vêm sendo projetados para a região".
O motivo da preocupação são os eixos de integração da Amazônia propostos pelo governo: a saída norte para o Caribe, caracterizado pela rodovia BR-174; a saída para o Atlântico, pelas hidrovias do Madeira e do Amazonas; e o eixo Araguaia-Tocantins, formado pelas ferrovias Norte-Sul e Carajás.
"Não é difícil prever o que poderá acontecer com uma retomada maciça de investimentos na região, desta vez com o uso mais intensivo de tecnologia", afirma o coordenador do GTA, Fábio Vaz.
Paradoxalmente, segundo o GTA e a Amigos da Terra, o Ministério do Meio Ambiente, Recursos Hídricos e da Amazônia Legal e a SCA (Secretaria de Coordenação da Amazônia Legal) demonstram estar desprestigiados nas discussões sobre os investimentos do governo na região.
"Isso confirma o papel simbólico a que está sendo relegada a área ambiental do governo federal, revelando um movimento de lento desgaste iniciado com o final da Eco-92", aponta o documento das ONGs, que reserva elogios ao papel desempenhado pela SCA.
O secretário de Coordenação dos Assuntos da Amazônia Legal, José Seixas Lourenço, considera "verdadeira" a análise das ONGs.
"O GTA e a Amigos da Terra são grupos sérios com os quais às vezes divergimos, mas estão realizando uma crítica construtiva."

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