São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997
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Empresa gaúcha dá curso profissionalizante

PRISCILA LAMBERT
DA REPORTAGEM LOCAL

A iniciativa de algumas empresas em criar programas sociais visando melhor educação de crianças e adolescentes leva empresários a participar da campanha pelo fim do trabalho infantil no país.
A Schmidt Irmãos Calçados, em Campo Bom (RS), criou, em março deste ano, uma escola que oferece cursos profissionalizantes para meninos de rua da região.
A empresa adotou o know-how da Fundação Linck, que oferece apoio para empresas criarem espaços educacionais a crianças carentes (veja texto abaixo).
Orientação básica
O curso dura seis meses e atende 25 adolescentes de 14 a 18 anos. Os alunos recebem orientação sobre higiene, medicina básica e segurança no trabalho, além de serem treinados para se tornarem cortadores de couro e costureiros.
"Quando acabam o curso, nós os indicamos a outras empresas.
Em média, 20 alunos de cada turma saem empregados", diz Rolf Zenker, presidente da Fundação Sady A. Schmidt, que abriga a escola do Projeto Pescar.
Esse projeto possibilitou o recebimento do título "Empresa Amiga da Criança", pela Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, em agosto deste ano. Com isso, a Schmidt se compromete a manter programas para eliminar o trabalho infantil na cadeia produtiva.
"Se soubermos de fornecedores que mantêm crianças em seus processos produtivos, cancelaremos os contratos imediatamente", diz.
Pacto de Goiás
No final do mês passado, as 14 indústrias que compõem o Sindicato da Indústria de Fabricação de Álcool do Estado de Goiás assinaram o "Pacto de Goiás pela Criança", com a Fundação Abrinq, que prevê o fim do trabalho infantil.
Por desenvolverem projetos educacionais, oito dessas empresas receberam também o título de "Empresa Amiga da Criança".
Segundo Leonardo de Arimatéa, presidente do sindicato, 900 crianças no Estado possuem bolsas de estudo fornecidas pelas empresas.
"Oferecemos uniforme, material escolar e pagamos as mensalidades das crianças em escolas particulares", diz Arimatéa.
Segundo ele, algumas das empresas investem nas escolas públicas, oferecendo equipamentos e materiais.
"Com a situação financeira precária desses pais, eles tentam forçar o trabalho de seus filhos. Se apenas proibíssemos o trabalho infantil, eles deixariam de trabalhar para nós. Para impedir que isso ocorra, oferecemos as bolsas."
Algumas das empresas também oferecem cursos profissionalizantes no setor de fabricação de álcool e açúcar para adolescentes carentes. Segundo Arimatéa, atualmente 120 pessoas entre 14 e 18 anos estão matriculadas nesses cursos.
Ele diz que existem 34 mil crianças abaixo dos 14 anos trabalhando no Estado.
"Não há mais crianças trabalhando nos canaviais. Mas pretendemos nortear outros setores, como o de alimentação, onde se concentra a maioria dessa mão-de-obra proibida."

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