São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997
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Ex-traficante vira evangélico

DA SUCURSAL DO RIO

Entrou para o tráfico de drogas e se transformou em "soldado", segurança dos traficantes. Diz que no seu tempo era mais difícil e mais violento. "Não tinha moleza de traficante com fuzil AR-15, não. A gente só tinha revólver", lembra.
"Um dia levei um tiro na barriga de um amigo. A bala entrou na barriga e saiu nas costas. Levei 64 pontos e quase morri. Aí, resolvi parar com tudo", diz Lima.
Ainda convalescente, recebeu visitas de voluntários da Jocum (Jovens com uma Missão), entidade missionária evangélica internacional que tem casa no morro.
O ex-traficante se tornou evangélico e hoje mora na Jocum com mais 12 voluntários. Com o grupo funk "Sara Nossa Terra", ensaia coreografias para raps que combatem o tráfico e o uso de drogas.
"Fiz tudo por necessidade, mas acho que me encantei com a vida do tráfico. O traficante tem casa, mulheres e sucesso no bairro. Só não tem futuro, morre cedo", diz.
A Jocum atua no Borel há oito anos. Mantém uma creche, um curso de artesanato, um ambulatório e um time de futebol. O coordenador, Pedro Rocha, já perdeu a conta de quantas vezes ouviu garotos dizerem que vão ser bandidos. A Jocum coleta armas de brinquedo e troca por brinquedos.

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