São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997
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Militância nos anos 90 é outra

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A militância entre jovens não morreu, segundo a socióloga Janice Tinelli. Só migrou das universidades para movimentos como o de negros, de meninos de rua, de anarcopunks e de católicos.
O jeito de fazer política mudou, avisa Tinelli, que defendeu uma tese de doutorado na USP sobre militância nos anos 90.
"O jovem quer defender causas concretas, quer ser feliz, mas não abre mão da sua liberdade, não faz os sacrifícios dos anos 60", diz.
Nenhum desses ingredientes é encontrado no movimento estudantil, segundo a pesquisadora. "A UNE copia o modelo dos partidos, isso afasta os jovens".
O modelo partidário afasta os jovens, segundo Tinelli, porque não prevê espaço para a individualidade, um dos bens mais preciosos para a juventude atual. "Quando a individualidade está sendo sufocada, a molecada cai fora."
Vem daí o esvaziamento do movimento estudantil.
Seria ingênuo comparar o jovem de hoje com o dos anos 60, na opinião da socióloga, e concluir que há mais alienação atualmente.
"São momentos históricos diferentes. Hoje, os movimentos estão mais fragmentados: o jovem não luta só contra a ditadura, como nos anos 60, luta contra a discriminação racial, pelos meninos de rua, pelo aborto, pelos ideais anarquistas".
A grande diferença, para ela, é que não há mais a ilusão de que uma revolução mudará o mundo. "Eles dizem que vão fazer o que está ao alcance deles." São mais individualistas e, em compensação, menos ingênuos.
(MCC)

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