São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997 |
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'Show será pesadíssimo'
IVAN MIZIARA
Em grande parte devido ao seu passado com a "donzela de ferro", acabou se tornando uma legenda do heavy metal britânico. Com turnê programada para outubro e novembro no Brasil com sua banda Battlezone (veja programação na pág. 6-2), Di'anno lança disco novo com o sugestivo título "The World's First Iron Man". Se alguém tentar entender a carreira de Paul Di'anno por meio desse seu novo trabalho, vai quebrar a cara. Na verdade, o material reunido é um verdadeiro "samba do crioulo doido", gravado apenas para diversão do autor e de seus amigos. Para começar, dois clássicos da soul e funk music ("Living in America" e "Play That Funky Music"). Depois há uma versão ao vivo para "Children Of The Revolution", do T. Rex, de Marc Bolan, acompanhada de oito legítimos exemplares do mais horrendo metal-farofa. Enfim, o disco é uma bagunça, em que as únicas coisas que se salvam são quatro petardos dos tempos de Iron Maiden e a voz poderosa de um dos maiores front man da história do heavy metal. É muito pouco. Di'anno conversou com a Folha, por telefone, direto de Londres. Na entrevista, afirmou que só voltaria a gravar com o Maiden "se estivesse precisando de dinheiro" e prometeu um show "pesadíssimo", para matar as saudades dos muitos fãs que até hoje o consideram o melhor intérprete de clássicos como "Sanctuary" e "Wrathchild". * Folha - Você não acha que seus fãs vão estranhar o novo disco? Afinal, as duas faixas de abertura ("Living in America" e "Play That Funky Music") são hinos das carreiras de James Brown e Sly and the Family Stone. Paul Di'anno - É verdade. Mas acontece que eu gravei este disco com um grupo de amigos, e não com a minha banda, e acabamos tocando coisas de que eles gostavam também, como soul e funk music. Folha - Essas músicas farão parte dos shows no Brasil? Paul Di'anno - Não. O show vai ser pesadíssimo, bem no velho estilo. Folha - Nesse novo disco também há quatro canções do Iron Maiden gravadas ao vivo. Quer dizer que você pretende tocar algumas nos shows? Paul Di'anno - Essas músicas não deviam fazer parte do disco. Elas foram tiradas de um show no Marquee (tradicional palco londrino) antes que ele fechasse. Mas a proposta do álbum era gravar coisas diferentes das que eu estou acostumado. De qualquer maneira, é inevitável tocá-las no show. Folha - "Killers" também? Paul Di'anno - Não, essa eu não vou tocar. Já enjoei. Folha - Por que você saiu do Iron Maiden? Paul Di'anno - Porque estava meio cansado daquele tipo de som. Era muito ligado ao punk antes de entrar no Maiden e queria voltar as minhas raízes. Do primeiro disco, até que gostei, ainda havia algumas canções punk. Já do segundo, não gostei tanto. Não era bem o que eu queria fazer. Mas continuo amigo do pessoal até hoje. Folha - O que você acha de Bruce Dickinson, que o substituiu no Maiden? Ele vai se apresentar aqui em São Paulo, em 15/11. Paul Di'anno - Um grande vocalista e um ótimo sujeito. Eu nunca tive problemas com ele. Folha - Você voltaria a gravar com o Iron Maiden? Parece que o novo vocalista (Blaze Bayley) não tem agradado muito. Paul Di'anno - Só se eu estivesse precisando de grana. Ainda assim, gravaria um disco só e saltaria fora. Mas dinheiro não é problema. Folha - A maioria dos que vão assistir os seus shows no Brasil são fãs do Iron Maiden. Isso incomoda? Paul Di'anno - Nem um pouco. Eu já estou acostumado. Folha - Você vê futuro para o heavy metal? Paul Di'anno - Olha, não ligo a mínima para o que a imprensa inglesa diz. Eles vivem anunciando a morte do heavy metal. Bandas e estilos novos surgem, duram um ou dois discos e desaparecem. Acho que essas coisas são cíclicas. A mídia vive de novidades. Enquanto os fãs de heavy metal existirem, esse tipo de som não vai acabar. Folha - Hoje se fala muito em tecno, você ouve esse tipo de música? Paul Di'anno - Um pouco. Mas, veja bem, mesmo o pessoal do tecno, como o Prodigy, vem acrescentando guitarras e peso a sua música. Folha - O que você ouve hoje em dia? Paul Di'anno - Um pouco de tudo. Judas Priest, Metallica, Pantera, Clash, Sex Pistols e as velhas canções italianas que minha mãe adora. Texto Anterior: Entenda as propostas da PEC 370 Próximo Texto: Echo and the Bunnymen domina a correspondência Índice |
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