São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997
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Cenas que fizeram a história

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A UNE já é uma entidade sessentona. Foi fundada em 1937, mesmo ano em que Getúlio Vargas instituiu o Estado Novo, uma ditadura que dissolveu o Congresso, censurou jornais e acabou com os partidos.
A UNE, então, era ligada à chamada direita -tanto que o ditador Vargas foi eleito presidente de honra da entidade em 1938.
O domínio da direita sobre a UNE foi breve. Nesses 60 anos, a entidade funcionou como trampolim para partidos e propostas nacionalistas e/ou de esquerda.
Uma das primeiras bandeiras da UNE a ganhar as ruas foi a campanha "O Petróleo é Nosso", nos anos 50. Ela propunha que a exploração e distribuição do petróleo ficassem a cargo do governo e de empresas nacionais.
Os anos 60 foram os mais efervescentes na história da UNE. No início dessa década, a entidade cria o CPC (Centro Popular de Cultura), que acreditava na "conscientização" da população por meio de peças de teatro, discos e filmes.
Com o regime militar, a UNE fica encurralada. Em 1964, o governo toma a sede da entidade no Rio. Um ano depois, ela é extinta.
É na ilegalidade que a UNE comanda o mais célebre protesto contra os militares, a "Passeata dos Cem Mil", que tomou o centro do Rio em junho de 1968.
Quatro meses depois, os participantes do congresso da UNE seriam presos em Ibiúna (SP).
O encolhimento do espaço político leva os estudantes a radicalizar as ações. Os militares não permitiam muita escolha: prisão, exílio ou guerrilha eram as alternativas.
Como consequência, a UNE deixa de existir entre 1971 e 1979, quando é refundada.
Em 1984, a entidade apóia a campanha "Diretas Já". No processo que resultou no impeachment de Collor, em 1992, os estudantes são o rosto mais visível dos protestos -os "caras-pintadas".
A última vez que se viu a UNE nas ruas foi em maio deste ano, em protesto contra a privatização da Vale do Rio Doce. Já não havia dezenas de milhares de estudantes, como no "fora Collor".
(MCC)

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