São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997
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Presidente "casou-se" em Cuba

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da UNE, Ricardo Capelli, 25, chegou solteiro em Cuba há dois meses e saiu de lá casado. Não há aí nenhuma superstição de que os fluídos socialistas da ilha pudessem abençoar o casal.
Capelli só trocou a aliança da mão direita para a mão esquerda para poder dormir junto com Renata, estudante de comunicações, com quem vive há dois anos, sem enfrentar o moralismo cubano.
"Se eu ficasse com a aliança na mão direita, ia ter de perder muito tempo explicando para a família que nos recebeu que eu vivo com minha companheira há dois anos e meio", justifica Capelli.
É com esse pragmatismo -ou oportunismo, depende do ponto de vista- que ele saiu do diretório da Universidade Estácio de Sá, no Rio, há dois anos e chegou à presidência da UNE, onde recebe um salário de R$ 600 por mês.
Terceiranista do curso de processamento de dados, Capelli mudou-se do Rio para São Paulo há três meses. Nas questões práticas, não tem a mesma velocidade com que passou a aliança da mão direita para a esquerda. Não sabe o nome da rua onde vive na Bela Vista, com a mulher e três diretores da UNE. "É perto da estação São Joaquim do metrô... Pergunta para o George, que ele sabe", recomenda (George Braga é diretor da UNE).
Capelli diz que a ignorância do nome da rua deve-se à ausência de rotina -ele passou o último mês viajando. Foi para Belo Horizonte, Rio, Brasília, Palmas (no Tocantins), Rio de novo e Porto Alegre. "É muito difícil ter vida própria", constata, sem reclamar. "É minha opção política."
Quando está em casa, ele tenta ser um jovem normal. Sábado retrasado, ficou jogando videogame e tomando cerveja. Música, para ele, tem de ser brasileira. Não importa que seja um lixo como Claudinho e Buchecha, que diz ouvir. Seus prediletos são os nordestinos (Zé Ramalho, Geraldo Azevedo e Zeca Baleiro, que é do Maranhão, como Capelli).
Cultor de Che Guevera, Capelli revela o livro que está lendo como se estivesse cometendo alguma falta grave diante do PC do B: é "A Estrada do Futuro", de Bill Gates, o homem mais rico do mundo. "Não admiro capitalistas como Bill Gates, mas preciso saber o que pensam", justifica.
(MCC)

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