São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997
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Falha adia partida de foguete brasileiro

KARINA OGO

KARINA OGO; MAURÍCIO TUFFANI
DA FOLHA VALE

MAURÍCIO TUFFANI
Uma falha no sistema do radar de solo da Base de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, abortou o lançamento do VLS (Veículo Lançador de Satélites) com o satélite SCD-2A, que estava previsto para ontem.
O defeito deverá ser reparado no máximo em cinco dias, segundo o diretor da missão, coronel Thiago da Silva Ribeiro, que acompanhou a operação em Alcântara. Uma outra tentativa de lançamento deverá ocorrer até o dia 10 de novembro.
A interrupção da contagem regressiva para o lançamento foi decidida à 1h05 de ontem por Ribeiro. A falha afetou a parte do sistema de radar, de tecnologia francesa, que deveria transferir para as telas dos instrumentos de rastreamento os dados de posição desde o lançamento à colocação do satélite em órbita da Terra, a cerca de 700 km de altitude.
Os técnicos da missão afirmaram não saber quais são os componentes que devem ser substituídos ou consertados. Segundo Ribeiro, existe a possibilidade de buscar peças de reposição na França.
A operação de lançamento em Alcântara está mobilizando cerca de 150 funcionários do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ambos de São José dos Campos (SP).
O custo unitário do VLS é de US$ 6,5 milhões, e o da operação de lançamento é de R$ 500 mil, segundo Luiz Gylvan Meira Filho, presidente da AEB, que anunciou ontem por volta das 10h o adiamento da operação.
A missão
Concebida no final dos anos 70, a Missão Espacial Completa Brasileira, hoje denominada Programa Nacional de Atividades Espaciais, previa para 1990 o lançamento no Brasil do primeiro satélite nacional por um foguete construído no país. Já foram investidos no programa cerca de US$ 500 milhões, dos quais cerca de US$ 270 milhões correspondem ao desenvolvimento do VLS e aproximadamente US$ 170 milhões à implantação da Base de Alcântara, segundo o presidente da AEB.
O SCD-2A é uma réplica de testes do SCD-2, que é o segundo satélite construído no Brasil e deverá ser lançado em 1998 por um foguete Pegasus, dos EUA. O SCD-2A deve desempenhar funções de coleta de dados atmosféricos, que incluem poluentes associados às queimadas de áreas agrícolas e florestas.
A AEB convidou autoridades e a imprensa para acompanhar o lançamento por teleconferência em Brasília, São José dos Campos e São Luís (MA). Jornalistas maranhenses fizeram perguntas sobre supostas atividades de espionagem e de sabotagem por agentes estrangeiros. "Falta do que fazer", comentou Meira após a entrevista em São José dos Campos.

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