São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 1997
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TAM irá a Miami com os jatos da Airbus

MAURO ZAFALON
DO ENVIADO ESPECIAL À FRANÇA

Uma porta gigante, com 70 m de largura por 40 m de altura, cuja abertura é avisada por uma sirene intermitente e demora cerca de cinco minutos, dá acesso a uma das linhas de montagem da Airbus Industrie.
Essas instalações ficam na região de Toulouse, sul da França, na fábrica da francesa Aerospatiale. Essa empresa é uma das associadas da Airbus, consórcio formado por empresas européias. Amanhã esse consórcio comemora 25 anos do vôo de seu primeiro avião.
Dessa fábrica vão sair os modelos A-330/200 adquiridos pela TAM, que começam a fazer a rota São Paulo-Miami em novembro de 98. Havia 16 anos que a Airbus não vendia aviões no Brasil.
Quem imagina a linha de montagem de um avião como um corre-corre, típico de uma fábrica, se engana. Os espaços são enormes, mas os trabalhadores, poucos.
Pela porta gigante da Aerospatiale, onde são montados os dois maiores modelos dos nove tipos de aviões produzidos pela Airbus, saem mensalmente quatro aparelhos. Das demais linhas de montagem do consórcio saem outras 14 aeronaves por mês.
A fábrica da Aerospatiale é quase toda robotizada -o que reduz o tempo de fabricação dos aviões- e emprega apenas 350 operários. A produção também ganha tempo porque muitas das peças vêm prontas de unidades consorciadas.
A Airbus tem 43% das vendas mundiais de aeronaves comerciais. No ano passado, da encomenda à entrega final ao cliente, a empresa levava um ano para aprontar um avião. Neste ano, o prazo foi reduzido para nove meses e, em 98, será de seis meses.
A montagem de um avião exige uma longa programação, principalmente porque as fábricas das peças são espalhadas pelo mundo. No caso da Airbus, essas peças, em especial as de maior porte, vêm em um superavião, chamado Beluga.
As peças trazidas por esse superavião são numeradas conforme a encomenda das empresas aéreas e guardadas em um hangar especial.
As peças da frente -cabine e "nariz"- são produzidas na França. As fuselagens do centro e da traseira vêm da Alemanha. O cone de cauda vem da Espanha.
Quando uma encomenda específica vai entrar na linha de montagem, as peças são trazidas para o interior da fábrica e colocadas em grandes suportes de metal.
No teto da fábrica, um guindaste para 20 toneladas se encarrega de transportar essas enormes peças.
Robôs na linha de montagem
Na reta final de construção, todo avião é composto de poucas e grandes partes.
Isso porque o grosso dos 3 milhões de componentes usados em uma aeronave já foi acoplado a essas grandes partes na fábrica de origem. Aí os robôs fazem desde o alinhamento até a colocação de rebites.
A montagem final é, na realidade, a união de seis grandes partes: o "nariz", a parte da cabine, a fuselagem central -onde vão acopladas as asas-, a fuselagem traseira, o cone de cauda e a cauda.
Feita a união, o aparelho é transferido para outra parte da fábrica, onde são colocadas as turbinas e a fiação. Em alguns modelos, como o A-330, a empresa que encomendou o avião escolhe o fabricante da turbina. Montadas as turbinas, o aparelho recebe o acabamento. É transferido para um hangar pressurizado, com controle de umidade, para pintura. O último passo é a remoção para o hangar onde são feitos os revestimentos internos.
Em 96, o faturamento da Airbus atingiu US$ 8,8 bilhões. De sua linha de montagem saíram 126 aviões. As encomendas somaram 326 unidades, número que deve subir 20% em 97.

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