São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 1997
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Queda na Bovespa é a maior desde Collor

Ibovespa cai 15%, e ação da Telebrás, 17% em um único dia

LUIZ CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa de Valores de São Paulo registrou ontem a quarta maior queda da sua história, fechando com queda de 14,97%. Foi o pior dia do mercado paulista de ações desde 21 de março de 1990, quando foi anunciado o Plano Collor.
Desde a quinta-feira, as ações já caíram 24,23% na Bovespa. No ano, o resultado acumulado ainda é positivo: as principais ações acumulam valorização de 39,4%.
Esse índice é uma boa medida do estrago que a crise asiática iniciada em julho com o ataque especulativo contra a moeda da Tailândia fez nas expectativas dos investidores do mercado brasileiro.
Até o dia 8 de julho, poucos dias antes da crise no Sudeste Asiático e pico das cotações no mercado paulista, a alta acumulada pelo Ibovespa era de 93,4%.
Como costuma ocorrer nos negócios no mercado paulista, as ações que concentraram a maioria dos negócios foram as de empresas estatais, especialmente as que estão em processo de privatização.
Telebrás PN, o principal papel do mercado, representou ontem 55,6% dos negócios e fechou com queda de 16,96%, sendo negociada a R$ 116,96 (o lote de mil ações).
Petrobrás PN, o segundo papel mais negociado, caiu 18,68%, enquanto as ações PNB da Eletrobrás recuaram no dia 17,35%.
Notícias
Ontem o dia dos operadores da Bolsa de Valores de São Paulo já começou mal, com a notícia de que o mercado de ações de Hong Kong tinha caído 5,8%.
A informação chegou aos bancos e corretoras antes da abertura dos negócios em São Paulo e serviu para jogar água fria nos que acreditavam que a recuperação de sexta-feira em Hong Kong significara o fim dos problemas na Ásia.
Depois de Hong Kong, era a hora de esperar a reação das principais Bolsas de Valores da Europa.
À medida que os mercados europeus iam fechando confirmavam-se as piores expectativas: todos os principais mercados caíam e caíam consideravelmente, para praças tidas como das mais estáveis.
Londres, Paris e Frankfurt fecharam com queda de algo em torno de 3%.
Quando os negócios começaram na Bolsa paulista, às 10h, o pessimismo era generalizado e todos os investidores pareciam ter em mente a mesma estratégia: vender antes que as cotações caíssem mais ainda. Como muitos decidiram no mesmo sentido, o resultado foi um forte aumento das ofertas de venda, cujos preços iam caindo até encontrar um comprador.
México
Diante desse quadro, a abertura dos negócios em Nova York, também com as cotações caindo, fez com que a Bolsa paulista chegasse até o final do período da manhã dos negócios com o Ibovespa recuando algo em torno de 4%.
O pior, no entanto, ainda estava por acontecer.
A notícia de que o peso mexicano havia sofrido um ataque especulativo acabou de jogar mais "vendedores" no mercado.
A notícia que chegou às mesas de operações dava conta de uma desvalorização de 9% do peso mexicano em relação ao dólar norte-americano.
Dólar e juros
O nervosismo também atingiu os mercados de juros e de dólar. No mercado à vista de dólar, as cotações fecharam próximas ao teto da minibanda, a R$ 1,1055.
No mercado futuro de moeda norte-americano, o dólar subiu 0,41%, na máxima do dia.
Os juros projetados no mercado futuro também subiram 0,41%, nas taxas projetadas para novembro.

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