São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 1997
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Ásia teme novas baixas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A crise que assola os mercados de ações asiáticos voltou a se manifestar ontem em Hong Kong. Depois da trégua de sexta-feira, a Bolsa de Valores de Hong Kong registrou nova baixa, caindo 5,8%
O índice Hang Seng da Bolsa de Valores de Hong Kong perdeu ontem parte do valor recuperado na sexta-feira, quando ocorreu a queda recorde da "quinta-feira negra", dando início a um efeito dominó que derrubou as Bolsas de Valores de todo o mundo.
As previsões dos analistas para as Bolsas do sudeste asiático esta semana são muito pessimistas, inclusive com prognósticos de uma queda acumulada de 20% em Hong Kong.
A incerteza na Bolsa de Valores de Hong Kong também atingiu os mercados de ações de Tóquio, Seul e Sydney.
O índice Nikkei de 225 ações da Bolsa de Valores de Tóquio caiu 325,38 pontos, ou seja 1,87%, ficando em 17.038,36 pontos.
"Ninguém vai comprar ações até que se estabilizem as Bolsas da Ásia", disse o analista de investimentos Seiji Fujimoto, da Tóquio Securities.
A Bolsa da Coréia do Sul declinou 3,3%, caindo para o nível mais baixo dos últimos cinco anos: 530,47.
Na Austrália, o principal índice da Bolsa de Valores de Sydney caiu 3,3%, os contratos de ouro para entrega futura declinaram 11% e perderam US$ 690 milhões de seu valor.
Mas algumas Bolsas da região tiveram um comportamento diferente com altas de 0,13% na Bolsa de Valores de Cingapura e de 0,14% na Bolsa de Valores de Kuala Lumpur (Malásia).
As perdas de ontem aumentaram as dúvidas sobre o futuro do dólar de Hong Kong, que é considerado sobrevalorizado por analistas, que o que consideram alvo fácil de ataques especulativos.
Dólar
Persistem as dúvidas sobre a capacidade do dólar de Hong Kong aguentar a taxa oficial de 7,7 em relação ao dólar dos EUA, que é mantida há 14 anos.
O ministro da Fazenda de Hong Kong, Donald Tsang, reiterou, porém, a determinação de seu governo de manter a taxa de câmbio em relação ao dólar norte-americano, que é a única fixa na Ásia.
O ministro Tsang descartou mudanças no sistema cambial de Hong Kong e no vínculo com o dólar e assegurou que os únicos que vão perder com o ataque ao dólar de Hong Kong serão os especuladores.
Tsang disse, porém, que sabe que setores da economia sofreram com a desvalorização de outras moedas asiáticas em relação ao dólar norte-americano.
Os setores exportadores reiteraram sua preocupação com as dificuldades que estão encontrando para vender seus produtos no exterior.
O temor dos investidores em relação as repercussões da crise monetária que afeta as moedas do sudeste asiático e com a alta dos juros não ajudam a desanuviar o pesado ar na região.
Na sexta-feira passada e ontem, muitas empresas compraram suas próprias ações, mas os preços continuam baixos. Entre as empresas que realizaram as maiores compras estão o Hong Kong Bank and Shanghai Bank e a empresa aérea Cathay Pacific.
James Osborn, da Baring Securities, disse que o comportamento do índice Hang Seng ontem mostra que "não há sinal de que a crise tenha chegado ao fim".

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