São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 1997
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Título da dívida do Brasil cai 15,6% em NY

LUIZ CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Ontem a crise iniciada nas Bolsas de Valores bateu com violência nos negócios com títulos da dívida brasileira fechados em Nova York, que caíram 15,62%. Desde quinta-feira, a queda acumulada por esses papéis é de 20%.
O C-bond, principal papel brasileiro negociado no mercado nova-iorquino, fechou sendo negociado a US$ 0,715 por dólar de face.
Os títulos da dívida negociados no mercado de Nova York são vendidos com um desconto sobre o valor de face do papel. Assim ontem o mercado estava negociando os C-bonds com um deságio embutido de 28,5 pontos percentuais.
Esse deságio chegou a ser muito menor. Até quarta-feira passada, antes portanto da crise chegar à economia de Hong Kong, esses títulos estavam sendo negociados a aproximadamente US$ 0,86 por dólar de face, ou seja, com um desconto de 14 pontos percentuais.
Confiança
A queda do preço pagos pelos títulos da dívida brasileira representa uma reavaliação da confiança que os investidores internacionais depositam na economia brasileira.
Outros países de economia emergente, como a Argentina, também sofreram o mesmo impacto em seus títulos da dívida, igualmente negociados no mercado de Nova York.
Os títulos argentinos do tipo FRB recuaram ontem 9%.
Operadores ouvidos pela Folha não enxergavam ontem o fundo do poço para a crise de confiança que atingiu todas as principais Bolsas de Valores do mundo e com especial intensidade as dos chamados países emergentes.
A perspectiva para hoje não é nada animadora, se se leva em conta o fato de a Bolsa paulista ter fechado antes de a direção da Bolsa de Nova York decidir suspender seus negócios.
Nos últimos meses, os títulos da dívida brasileira também tiveram forte valorização, puxados pelo otimismo dos investidores estrangeiros com o processo de estabilização da economia do Brasil.
Como no mercado de ações, a ânimo dos investidores se deveu em boa medida à privatização das estatais e à perspectiva de investimentos estrangeiros no país.

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