São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 1997
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Terra de oportunidades

NELSON PROENÇA

O Rio Grande do Sul desenvolve um ousado e bem-sucedido programa de reativação de sua economia, enfrentando com coragem sucessivos anos de estagnação.
Os números da expansão industrial, divulgados mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, identificam resultados indiscutíveis dessa transformação: o RS encerrou o primeiro semestre de 1997 com 13% de crescimento, índice mais de duas vezes superior ao do segundo colocado e à média nacional.
O projeto de recuperação tem duas linhas básicas: a reativação de setores tradicionais e a atração de grandes investimentos. O primeiro consagra a tradição; o outro dá o dinamismo necessário a um modelo econômico que foi adequado por muitos anos, mas que vinha dando sinais de esgotamento.
A reativação alcançou as áreas calçadista, avícola, de implementos agrícolas, de vinhos, de fumo e de frigoríficos, beneficiando a vocação agropastoril e agroindustrial de um Estado considerado celeiro do Brasil.
Os resultados parciais obtidos estimulam a conclusão de que a receita vem sendo adequada: o setor coureiro-calçadista, que alguns consideravam quase morto, deve fechar 1997 como o seu segundo melhor ano da década, com exportações próximas a US$ 1,6 bilhão. O de frangos deve encerrar o ano arrecadando US$ 400 milhões em exportações.
A atração de investimentos de porte, por envolver cadeias produtivas diversas, é o estímulo que faltava para a economia regional desenvolver-se, gerando empregos, renda, novas tecnologias e cultura gerencial. O Rio Grande do Sul é um dos mais importantes parques de autopeças latino-americano. A instalação da indústria automobilística converge com essa vocação, alavancando, por exemplo, a cadeia produtiva da indústria plástica.
Estudos da Federação das Indústrias (Fiergs) revelam que o parque automotivo em instalação no RS poderá gerar 201 mil oportunidades de trabalho. Sem falar nas duplicações do pólo petroquímico e da refinaria de petróleo e nas plantas siderúrgicas.
A expansão do pólo petroquímico, aliás, manterá no Rio Grande do Sul a manufatura plástica, hoje concentrada em São Paulo, apesar da produção abundante de matéria-prima em Triunfo. Isso significará valor agregado à economia regional, equivalente a renda, empregos e benefícios sociais decorrentes dos tributos.
O Rio Grande do Sul deixa de ser corredor para tornar-se produtor. Com isso, está respondendo ao desafio atual dos países e do poder público -o de criar condições para geração de oportunidades de trabalho.
Os inúmeros empreendimentos atraídos para o Rio Grande do Sul e hoje em implantação significam US$ 10,6 bilhões entrando na economia regional. É o programa de atração de investimentos que está possibilitando tal ebulição numa economia estagnada há décadas, combinado com o enfrentamento de uma questão crucial na atualidade: a renovação da infra-estrutura.
Esses empreendimentos privados e públicos distribuem dezenas de canteiros de obras Rio Grande do Sul afora, representando 11.013 empregos apenas na fase de construção civil -números de 24/10, que representam 22,95% mais do que o levantamento de 30 dias antes. Lembre-se, ainda, que esses empreendimentos já começam a contribuir com a economia estadual, via expansão da massa salarial e, por consequência, dos tributos.
A semente lançada pelo programa de desenvolvimento começa a dar frutos para toda a sociedade brasileira, para desespero dos que insistem no discurso "démodé" do entreguismo e da revolta contra a globalização. Nessa luta ideológica que atropela o interesse público, números são manipulados para sustentar o insustentável, na fantasia de quem confunde oposição ao governo com oposição ao Rio Grande.
A oposição sistematizada pelo deputado Flávio Koutzii não surpreende, porque é movida pelo interesse ideológico que contrapõe o progresso das iniciativas de governo à estagnação, à mediocridade e à paralisia defendidas pela facção que ele lidera. O que surpreende é o tom dado pelo deputado ao artigo veiculado na Folha, dirigindo-se a um país, parceiro do Brasil no Mercosul, em tom preconceituoso, injusto, reacionário. Típico dos que se consideram donos da verdade.

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