São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 1997 |
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Conceito "site specific" perdeu atualidade
CELSO FIORAVANTE
A curadora visitou as instalações do projeto de intervenção urbana Arte/Cidade 3, que baseia grande parte das obras apresentadas nesse conceito, mas não demonstrou entusiasmo, talvez pelo fato de os trabalhos não possuírem uma constância e a mostra não ter uma curadoria, mas um organizador. "Não acredito em 'site specific', mas em leituras de territórios. O ser contemporâneo tem posições diferentes de se projetar em um espaço. Acredito na revelação mútua do espaço e do espectador." David frisou que o conceito faz parte do passado, correspondeu a um momento que não se reflete mais na contemporaneidade. "Ele trabalhou com conceitos como dentro e fora, íntimo e público, mas em um momento em que o espaço público não estava tão confuso como agora, apropriado pelo dinheiro. O espaço público hoje é mais ideológico. Bancos e hotéis não são espaços públicos, mas apenas espaços apropriados." Condenou ainda a tendência que as grandes mostras de arte contemporânea têm de se tornarem parques de diversões da arte. "É preciso articular as percepções do espaço com percepções históricas. Senão, uma mostra pode virar decoração", afirmou. Parte do desapontamento se deveu talvez ao fato que, na última quinta, quando visitou o projeto, poucas obras estavam finalizadas. David atravessou túneis, cruzou pontes precárias, pisou na lama e pouco viu. Pareceu mais um passeio por escombros que uma visita a uma mostra de obras de arte. Catherine David também não gostou da última edição do Sculpture Project, projeto de "site specific" que acontece a cada dez anos na cidade alemã de Münster. "Gostei mais dos projetos apresentados dentro do museu, onde havia tensão entre o real e o imaginado. Hoje é preciso trabalhar em espaços de tensões", disse. Evento: Arte/Cidade 3 (projeto de intervenção urbana com obras de 37 artistas em três pontos da cidade e ao longo de 5 kms de estrada de ferro) Onde: trajeto entre a Estação da Luz e as antigas indústrias Matarazzo (entrada e estacionamento na av. Francisco Matarazzo, 1.096), com acesso pelos dois locais e uma parada no Moinho Central Quando: de terça a domingo, das 12h às 21h. Até 30 de novembro Quanto: entrada franca Texto Anterior: Coluna Joyce Pascowitch Próximo Texto: Final de festival no PR foi desastre musical Índice |
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