São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 1997 |
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Final de festival no PR foi desastre musical
IRINEU FRANCO PERPETUO
Orçada em R$ 130 mil, a co-produção entre o Guaíra, a Secretaria Estadual de Cultura do Paraná e a Schola Cantorum Brasiliensis, tradicional estabelecimento de ensino musical de Basiléia (Suíça), pecou pelo amadorismo. O elenco "internacional", formado por alunos da Schola, não demonstrou nível, nem maturidade. Enquanto durou a voz do contratenor espanhol Carlos Mena, que havia cantado com o grupo de Jordi Savall na véspera, o espetáculo se sustentou. Mas Mena, o "Orfeu da ópera", não teve resistência e falhou justamente na ária mais conhecida, "Che Far• Senza Euridice". A suíça Beatrice Rutchi, que fez o papel de Eurídice, deixou a desejar tanto no aspecto vocal quanto no cênico. Imatura, desafinou sempre, com desempenho constrangedor. A italiana Lara Matteini, que interpretava o Amor, teve atuação mais sólida que sua colega, estragada apenas pelo mau gosto nas ornamentações. O maestro Osvaldo Colarusso entrou de maneira espalhafatosa, sob foco de luz, e regeu de um pódio alto, que colocava sua figura entre o público e o palco. Sua regência foi arrastada e não conseguiu fazer a problemática Orquestra Sinfônica do Paraná -que esteve à beira da greve durante os ensaios- acompanhar os cantores de forma adequada. Quem não tem dinheiro para superproduções faz bem em apostar em montagens econômicas. O orçamento apertado não justifica, entretanto, a transformação de um teatro brasileiro em mero laboratório para os alunos de canto de uma escola européia. O público foi desrespeitado. O jornalista Irineu Franco Perpetuo viajou a Curitiba a convite da organização do Festival. Texto Anterior: Conceito "site specific" perdeu atualidade Próximo Texto: Finlandês devassa mito da ex-URSS Índice |
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