São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 1997
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Abuso lidera queixas contra a polícia

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Os casos de falhas no trabalho de policiais dominaram as denúncias encaminhadas à Ouvidoria da Polícia de São Paulo nos três primeiros trimestres deste ano.
O relatório das atividades da ouvidoria de julho a setembro deste ano será divulgado hoje pelo ouvidor Benedito Domingos Mariano. A ouvidoria atendeu 894 casos.
Segundo Mariano, houve uma grande mudança em relação ao ano passado, quando a maioria das denúncias se referia a pedidos de intervenção em pontos-de-drogas e à falta de policiamento.
Em segundo lugar no ranking das denúncias estão os casos de conduta inadequada de policiais. São consideradas condutas inadequadas práticas como uso particular de carro de polícia e policiais que trabalham alcoolizados.
Em seguida, aparecem as denúncias de mau atendimento em estabelecimentos policiais.
Mariano explica que os PMs são os principais envolvidos nas denúncias de abuso de autoridade e conduta inadequada.
Já o mau atendimento ocorre principalmente em distritos da Polícia Civil.
Para o ouvidor, a divulgação de casos de violência policial, como na favela Naval, em Diadema (Grande SP), e no sequestro e morte do estudante Ives Yoshiaki Ota, 8, em agosto, na Vila Carrão (zona sudeste de SP) teriam incentivado a população a denunciar as falhas de policiais.
"A leitura que faço desses dados é que a população está mais preocupada com o comportamento e com a postura dos policiais nas ruas do que com a ausência de policiamento", afirma.
Os casos que prevaleciam em 96, intervenção em pontos-de-drogas e falta de policiamento, caíram para sexto e quarto lugar no ranking, respectivamente.
Extorsão
Mariano também destaca o aumento expressivo nas denúncias de extorsão. No ano passado, esse tipo de irregularidade ocupou o 11º lugar entre as denúncias.
Nos três primeiros trimestres do ano, a extorsão ocupa o quinto lugar, com 69 casos. Segundo ele, 71% das denúncias envolve a Polícia Civil.
O relatório também irá destacar 36 casos de homicídio, tortura e abuso considerados prioritários pela ouvidoria. Dessas denúncias, a maioria é contra PMs. Para Mariano, o relatório não avalia a PM com o novo comando, que tomou posse no final de setembro.

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