São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 1997
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Tucanos rejeitam Maluf na cúpula da campanha de FHC

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A possibilidade de Paulo Maluf (PPB), provável candidato de seu partido ao governo paulista, integrar o comando da campanha presidencial de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) irritou os tucanos de São Paulo.
Maluf deve ser eleito presidente nacional do PPB, que quer apoiar FHC. Se a coligação for concretizada, a norma é que Maluf ganhe um assento no comando da campanha.
Não é, no entanto, o que pensa o PSDB paulista. "Nós não vamos tolerar esse constrangimento de aceitar nosso principal adversário em São Paulo no comando da campanha do presidente", afirmou o deputado José Anibal (PSDB), que se reuniu ontem com FHC.
Anibal sabe que não será possível impedir a aliança nacional entre PPB e seu partido, como seria ideal para os tucanos de São Paulo. "Mas vamos arrumar uma solução alternativa. Maluf fez na prefeitura uma administração predatória e diluviana", declarou.
Outro deputado do PSDB de São Paulo, Arnaldo Madeira, também participou da conversa com FHC. Madeira manifestou um dos temores do partido: a presença de Maluf em reuniões da candidatura de FHC poderia ser utilizada pelo pepebista para irritar o governador Mário Covas (PSDB), possível candidato à reeleição.
"Maluf é cara-de-pau e vive de tirar fotos, mas na hora certa o presidente vai dizer quem é seu candidato em São Paulo", afirmou.
Para Madeira, mesmo que não se consiga evitar Maluf no conselho político da campanha de FHC, o dano não será irreversível. "Esse negócio de conselho não funciona. O que vale mesmo é o candidato e também as pessoas mais próximas dele", acha.
Como exemplos de políticos próximos a FHC que darão o rumo da campanha citou os ministros Sérgio Motta (Comunicações) e Clóvis Carvalho (Casa Civil).
Maluf sabe que o principal motivo da anunciada desistência de Covas de tentar a reeleição foram os encontros amistosos que ele manteve com o presidente da República.
Covas continua dizendo que não concorrerá em 98. A análise que se faz no partido é que só ele teria condições de derrotar Maluf, o atual líder nas pesquisas.
O assédio ao governador para que reverta a decisão tem sido discreto. Além do problema gerado pela troca de mesuras entre FHC e Maluf, Covas também não se conforma com perdas que foram causadas ao cofre estadual pela chamada Lei Kandir.
Técnicos do governo paulista tentam convencer a equipe econômica para mudança nos cálculos.
Maluf não espera obter a neutralidade de FHC na disputa paulista contra um tucano. Mas, além, de irritar Covas, quer a garantia de que o presidente não terá participação ostensiva na campanha estadual.
Maluf está nos Estados Unidos. Seu assessor de imprensa, Adilson Laranjeira, afirmou que está mais interessado em falar sobre "idéias políticas e administrativas do que sobre qualquer outra coisa".

Colaborou a Sucursal de Brasília

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