São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 1997
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Conselho federal vai analisar processo ético sobre hemodiálise

Arquivamento por falta de provas pode ser revertido

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O processo ético contra os proprietários do IDR (Instituto de Doenças Renais) de Caruaru (PE), Bráulio Coelho e Antonio Bezerra Filho, arquivado anteontem em Recife, poderá sofrer uma reviravolta nos próximos dias.
Por decisão do presidente do Cremepe (Conselho Regional de Medicina de Pernambuco), Jurandir Dantas, a ação foi encaminhada ontem ao CFM (Conselho Federal de Medicina) para análise e, eventualmente, novo julgamento.
O Cremepe decidiu arquivar o processo por falta de provas.
Os médicos foram acusados de imperícia, negligência e imprudência na tragédia que provocou a intoxicação de 126 doentes renais e a morte de pelo menos 64 deles, em 1996, após sessões de hemodiálise no instituto.
Caso o CFM decida reabrir o caso, Coelho e Bezerra Filho ficarão sujeitos a punições que vão de simples advertências à perda do direito de exercer a profissão.
Os dois afirmam que são inocentes e atribuem a contaminação dos pacientes a uma "fatalidade". "Não poderíamos ter evitado, não houve dolo", disse Bezerra Filho.
Sem punição
A intoxicação dos doentes renais ocorreu entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1996 e até hoje ninguém foi punido. Além do processo ético, os médicos são acusados em ações criminais e indenizatórias.
A única sentença que os obrigava a indenizar as famílias, proferida há um ano, não foi cumprida por causa de um recurso. Servidores do Estado e de Caruaru também foram indiciados por homicídio culposo (não intencional).
Os doentes renais foram contaminados por toxinas liberadas por microalgas presentes na água utilizada durante o processo de filtragem do sangue.
Pelo menos 47 dos 64 mortos foram vítimas de hepatite tóxica provocada pela toxina que atingiu o fígado dos pacientes.

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