São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 1997
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Esterilização grátis divide Ribeirão Preto

Igreja é contra projeto de vereadora

CRISTIANE BARÃO
DA FOLHA RIBEIRÃO

A realização gratuita de laqueadura (desligamento de trompas) e vasectomia pela rede pública está dividindo as opiniões de representantes da sociedade civil e médicos e irritando a igreja de Ribeirão Preto (319 km de São Paulo).
O projeto que prevê a realização desses métodos contraceptivos pela Secretaria Municipal de Saúde deve ser votado hoje na Câmara.
Pelo projeto, homens e mulheres com idade mínima de 30 anos ou que possuam três filhos podem ser submetidos a esses métodos, desde que sejam de baixa renda.
"Estamos tentando fazer justiça social. As mulheres de classe média têm menos filhos porque podem fazer laqueadura. Por que as de baixa renda também não podem?", questiona Joana Leal Garcia (PT), autora do projeto.
O arcebispo metropolitano de Ribeirão Preto, d. Arnaldo Ribeiro, critica o projeto. Ele diz que a Igreja Católica é contra "qualquer método que bloqueie a natureza".
"A esterilização é uma forma de mutilação do corpo humano", diz.
"Muita mulheres que recorrem à laqueadura se arrependem depois", afirmou o médico.
"Como a laqueadura é irreversível, temos que recorrer à fertilização in vitro (bebê de proveta)."
Segundo ela, são atendidas em média 60 pessoas por semana e, dentre essas, cinco são indicadas para a esterilização.
A recepcionista Aparecida Scarpelini, 39, disse que recorreu à laqueadura há 16 anos. "Com 23 anos, eu já tinha quatro filhos. Não me arrependo."

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