São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 1997
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Polícia aponta assassino de secretário

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O assassino de Manoel Rezende da Silva, 62, secretário das Finanças de Guarulhos (Grande São Paulo), é Aparecido Gomes Pereira, 37, ex-gerente da empresa de segurança Resilar, sequestrado e morto na semana passada.
Essa é a conclusão da Divisão de Homicídios de São Paulo, que ainda apura os motivos dos crimes. Entre as hipóteses investigadas está a de Gomes, como o ex-gerente era conhecido, ter sido morto em uma queima-de-arquivo.
A polícia também apura as possibilidades de as mortes do ex-gerente e do secretário terem um mesmo mandante e de estarem ligadas a supostas irregularidades no contrato entre a Resilar e a Prefeitura de Guarulhos.
Silva foi assassinado a tiros em frente a sua casa em Guarulhos em 13 de junho passado. Ele estava analisando todos os contratos da prefeitura, entre eles o com a Resilar, responsável pela segurança dos imóveis do município.
Gomes foi sequestrado em 21 de outubro ao sair da sede administrativa da Resilar, na rua dos Metalúrgicos, em Guarulhos. Ele teria ido tentar receber uma indenização trabalhista, que lhe seria devida, de cerca de R$ 180 mil.
Três homens o levaram num carro. Seu corpo, com onze perfurações de balas, foi achado no dia seguinte na zona norte de São Paulo.
Os policiais que investigavam a morte de Silva também passaram a apurar a de Gomes. De imediato, perceberam a semelhança que haveria entre o retrato falado do assassino do secretário e Gomes.
"Ontem (anteontem) a principal testemunha da morte do secretário reconheceu Gomes como o assassino por meio de fotos", disse o delegado Luís Roberto Hellmeister, da Divisão de Homicídios.
Segundo o delegado, essa testemunha quase foi morta pelo assassino do secretário. "Ao vê-la, o assassino atirou. A testemunha se atirou no chão, e as balas acertaram uma Brasília", afirmou.
Menos de um mês após a morte do secretário, a prefeitura prorrogou por um ano o contrato com a Resilar. O prefeito de Guarulhos, Néfi Tales (PDT), 59, disse que a polícia foi avisada sobre as "pequenas" irregularidades no contrato com a Resilar achadas na época da morte de Silva.
Ele negou haver superfaturamento no contrato e disse que o prorrogou para não causar desemprego e por não ter como substituir o serviço prestado pela empresa da noite para o dia.
Segundo o deputado estadual Elói Pietá (PT), a Resilar era paga pelo serviço de mais seguranças que o número realmente usado pela prefeitura. "Ele morreu por ser um empecilho à prorrogação."
O prefeito abriu sindicância para apurar o contrato. Estão previstos gastos R$ 34,5 milhões com a prorrogação.

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