São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 1997
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Infra-estrutura prejudica Arte/Cidade 3

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Vá ao Arte/Cidade 3, mas vá durante o dia. Uma visita à noite (o evento fica aberto até às 21h) pode render mais que que surpresas estéticas.
As escadarias e passarelas do evento, apesar de aparentemente seguras, não contam com iluminação suficiente -principalmente rente ao chão- para garantir um caminhar tranquilo do visitante. Todo cuidado é bem-vindo.
Outro problema que o espectador pode enfrentar é como localizar as obras. A sinalização praticamente inexiste nos espaços do evento, resumindo-se a indicadores amarelos que só funcionam quando o visitante já está em frente à obra. Faltam, por exemplo, sinais que indiquem a localização das obras nos andares e dentro dos prédios.
A falta de sinalização também prejudicou, no último sábado, dia da abertura do evento, a visibilidade da impactante performance do artista plástico Maurício Ianês, que permaneceu duas horas estático, absolutamente envolvido por fita isolante preta.
Ianês estava no subsolo das antigas indústrias Matarazzo, mas não havia em todo o espaço qualquer cartaz ou sinalização direcionando o público. "Onde é a performance do Maurício Ianês?" era uma pergunta tão ouvida na abertura do Arte/Cidade 3 quanto "Onde é o banheiro?".
O problema maior, porém, é a falta de estruturas que viabilizem a visita de portadores de deficiências físicas.
"Fizemos até uma carta para ser distribuída para os deficientes que visitarem o evento. Não tivemos recursos para fazer elevadores e rampas. Não é de nossa capacidade reformar esses espaços para padrões contemporâneos de convivência. A ocupação é precária e os prédios guardam características do início do século, quando a preocupação com os deficientes não existia", justificou-se Nelson Brissac Peixoto, o organizador do evento, que tem orçamento de R$ 4 milhões.

Evento: Arte/Cidade 3 (projeto de intervenção urbana)
Onde: trajeto entre a estação da Luz e as indústrias Matarazzo (entrada e estacionamento na av. Francisco Matarazzo, 1.096), com acesso apenas pelos dois locais e uma parada no Moinho Central
Quando: de terça a domingo, das 12h às 21h. Até 30 de novembro
Quanto: entrada franca

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