São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 1997
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"Trip" vira a 'Ray Gun' brasileira

DENISE MOTA
DA REDAÇÃO

A "Trip" está de cara nova a partir de novembro.
A revista mudou seu projeto gráfico, agora assinado pelo designer norte-americano David Carson, um ex-surfista (chegou a figurar no oitavo lugar do ranking mundial, nos anos 80), que decidiu abandonar as ondas para virar professor de sociologia, se aventurar por um curso de desenho e implantar a anarquia no design gráfico mundial.
Em um de seus projetos mais conhecidos, para a revista norte-americana "Ray Gun", em que trabalhou de 92 a 95, Carson promovia liberdades gráficas como colocar partes de reportagens no meio de textos sobre outros assuntos e planejar frases que se prolongavam horizontalmente por diversas páginas, não necessariamente do começo para o fim da revista.
Algumas dessas características estão presentes no projeto de "Trip", que continuará a ser acompanhado pelo designer nos próximos dois números.
Em sua primeira edição "à la Carson", a revista traz como destaques o surfe na Itália e o significado das tatuagens utilizadas por presos desde o início do século.
A publicação, que, de acordo com o editor Paulo Lima, 35, teve sua tiragem aumentada de 45 mil (a média mensal obtida entre 86 e 96) para 100 mil -a partir da edição de julho, que trazia a modelo Luana Piovani na capa-, abusa, em sua nova versão, das transgressões visuais de Carson, utilizando elementos visuais que não estão diretamente ligados ao assunto principal da reportagem.
"Vamos usar a ruptura com as regras e, por exemplo, em uma matéria com o lutador de jiu-jitsu Hélio Grace pode ter um carrinho cruzando a página", diz o editor.
Considerado um dos mais inovadores desenhistas gráficos dos EUA por publicações como a revista "Newsweek", David Carson foi convidado a mudar o visual da "Trip" após diversos contatos com Lima, que acompanhou o trabalho do designer em Nova York.
Realizador de criações para os estúdios MGM e Warner e para a MTV, o designer também participou de um projeto para o filme "A Lente do Amor", comédia de Griffin Dune, com Meg Ryan.
No Brasil, o trabalho do norte-americano para a "Trip", que saiu, segundo Paulo Lima, por um preço "razoável, mas significativo", tem por objetivo estimular a criação artística em outras publicações e derrubar barreiras visuais, além de aumentar o alcance da revista em públicos variados.
"A 'Trip' tem o perfil de uma revista para homens de 18 a 35 anos, classe A/B, mas tem leitor de todo tipo, porque aqui cabe tudo, desde que as pessoas tenham o que dizer. Queremos acabar com essa coisa de tribo e provar que, da pele para dentro, todo mundo é igual."

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