São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 1997
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Festival judaico traz 13 filmes inéditos

SÉRGIO MALBERGIER
DA REDAÇÃO

Se não fosse a Mostra Banco Real do Filme Judaico, a cidade provavelmente não veria os 13 filmes que serão exibidos de hoje até quarta-feira no Estação Lumière.
São obras dos EUA, Polônia, Islândia, México, Israel, Alemanha e República Tcheca. Elas têm o judaísmo como traço comum -garantia de dose farta de tragédia e humor.
A mostra, que começou ano passado no Rio como Festival Brasileiro do Filme Judaico, foi criada pelo casal carioca Ezequiel e Kitty Rosman. "A idéia é trazer para o país filmes que mostrem a cultura judaica para que judeus e, especialmente, não-judeus tomem conhecimento da temática", diz Ezequiel. "Os filmes são ideais para promover a integração cultural", afirma.
O casal viu mais de 200 filmes em todo o mundo. "Trouxemos filmes sem valor comercial para o exibidor brasileiro. Eles só estão aqui por causa do festival", diz Ezequiel.
Um dos destaques é a comédia "Adeus, América", produção alemã-polonesa que ganhou o prêmio de melhor direção no Festival de Cannes, em 1994. Narra a história de três judeus pobres que decidem deixar a América que não realizou seus sonhos e voltar para a Europa.
Dois filmes israelenses recontam fatos interessantes pouco conhecidos do público brasileiro. "Resgatando um Idioma" mostra o renascimento do hebraico como língua no início do século na Palestina. O idioma, congelado na Bíblia e nos livros religiosos, é resgatado por Eliezer Ben-Yehuda, um legítimo inventor de palavras.
"O Mossad em Ação" é baseado na história de Eli Cohen, o maior espião do serviço secreto israelense. Nascido no Egito, ele é recrutado pelo Mossad para uma missão na Síria. Lá ele se torna conselheiro presidencial e, em 1965, pouco antes de ser nomeado ministro de Estado, é descoberto e executado.
Entre os documentários, o americano "Heranças Perdidas" conta a história do dinheiro depositado por judeus nos bancos suíços antes da Segunda Guerra e que, até hoje, não foi devolvido a seus herdeiros.
Já a produção tcheco-israelense "'As Cores do Preto e do Branco", premiada pela Unesco, acompanha o trabalho artístico das crianças do gueto de Terezin, perto de Praga. Esperando serem deportadas para os campos de extermínio nazistas, elas produziram milhares de desenhos sob a orientação da professora Friedl Dicker-Brandeis. Anos depois, os desenhos foram descobertos em malas escondidas.
O festival repetiu esse ano no Rio o sucesso de público do ano passado. Depois de São Paulo ele segue para Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte. O objetivo dos organizadores é colocar o Brasil ao lado de países como EUA, Inglaterra, Israel e Canadá, onde festivais de filmes judaicos são parte da agenda cultural anual.

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