São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 1997
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'Mulheres deram dignidade à política'

NEWTON CARLOS
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Duas mulheres encabeçaram o choque entre governo e oposição nas eleições parlamentares da Argentina, uma mulher tentará desbancar o prefeito de Nova York a 4 de novembro e, hoje, quatro mulheres disputam a Presidência da Irlanda, ocupada por uma mulher, Mary Robinson.
Uma delas, Mary Banotti, divorciada de 58 anos, é bisneta de um herói nacional, Michael Collins, tema de filme recente e cujo nome voltou a circular com o encontro entre o premiê britânico, Tony Blair, e dirigentes do Sinn Fein, partido separatista da Irlanda do Norte, "braço político" do IRA, o Exército Republicano Irlandês.
Collins, bisavô de Banotti, assassinado por fanáticos que o acusavam de rendição a Londres, foi criador do IRA quando toda a Irlanda era parte do Reino Unido, com status, na prática, de colônia.
Candidata do maior partido de oposição, o Fine Gael, Banotti certamente terá atenção especial para o conflito na Irlanda do Norte.
O partido governista, Fianna Fail, designou candidata Mary McAleese, professora de uma universidade em Belfast, capital da Irlanda do Norte, cujo conflito, ou guerra civil, já com 3.000 mortos, tem forte presença nas urnas.
O fenômeno dessa eleições é essa disputa da chefia do Estado limitada a mulheres, uma delas divorciada, num país muito conservador, no qual o machismo e a intervenção da Igreja católica impunham às mulheres condições de segunda classe.
A mudança começou com o advento de um feminismo militante, há pouco tempo, e a vitória da presidente Robinson em 1990.
As duas outras candidatas são Dana Scallon, de 44 anos, e Adi Roche, de 42, conhecida por trabalhos humanitários, a esquerdista do plantel.
Nell McCafferty, fundadora do "Women's Liberation Movement", diz que Robinson contribuiu, e muito, para que se formasse esse quadro, "até há pouco inimaginável, dando dignidade à política, enquanto os homens se melavam na corrupção".
A mensagem "é a de que as mulheres deixaram de ser cidadãs de segunda classe e a sociedade irlandesa é hoje altamente feminilizada".

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