São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 1997 |
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Oposição mantém apoio ao Mercosul
CLÓVIS ROSSI
Se há alguma coincidência total entre a Aliança e o governo do presidente Carlos Menem, ela está no apoio firme ao Mercosul. No máximo, poderá haver, no caso de a Aliança ganhar as presidenciais de 99, uma mudança de cunho institucional: o deputado reeleito Carlos "Chacho" Alvarez, principal líder da Frepaso (Frente País Solidário, um dos dois braços da Aliança), defende a criação de um mecanismo supranacional. Seria uma versão atenuada da Comissão Européia, braço executivo da União Européia, o conglomerado de 15 países europeus. Pressupõe-se que esse tipo de mecanismo tornaria mais fácil a coordenação de políticas e evitaria choques desnecessários, como os dois mais recentes, envolvendo as restrições brasileiras ao financiamento de importações e a restrição argentina ao açúcar brasileiro. Fora esse aspecto, que não diz respeito ao eixo das relações Brasil/Argentina no âmbito do Mercosul, nada mudaria com uma vitória aliancista. Seus líderes, aliás, fizeram questão de encontrar-se em Brasília com o presidente Fernando Henrique Cardoso, logo depois de criada a coligação, em agosto passado. Não há sequer divergências internas entre os dois partidos da Aliança. Tanto a União Cívica Radical (UCR) como a Frepaso têm o mesmo carinho pelo Mercosul. Um pouco mais, talvez, na UCR, já que os primeiros passos para a integração regional foram dados quando o presidente era Raúl Alfonsín, da UCR. É fácil explicar o apego pelo Mercosul: o Brasil virou um mercado vital para Argentina. Absorve, hoje, 30% de tudo o que a Argentina exporta. É o maior comprador de produtos argentinos. O bloco beneficia tanto a Argentina que se criou até uma expressão ("Brasil-dependência") para designar a situação, como se a Argentina tivesse se "viciado" em Brasil (ou, mais exatamente, no mercado brasileiro). O governo Menem nega que haja tal dependência. Alega que o aumento nas vendas para o Brasil é decorrência natural da derrubada de barreiras no Mercosul. Se surgissem dificuldades no Brasil, a produção argentina tomaria novas direções imediatamente. Pode ser, mas o fato é que nenhum dos dois grandes grupos rivais na política interna demonstra desejos de pagar para ver. Texto Anterior: Guerrilha anuncia libertação de reféns membros da OEA Próximo Texto: Pinochet define hoje nome de sucessor Índice |
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