São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 1997 |
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Bloqueios de bolsão irritam moradores de Interlagos
MARCELO OLIVEIRA
Os moradores dizem que o bolsão é uma reivindicação antiga da Sociedade Benfeitores de Interlagos (SBI), que existe há 34 anos e, há pelo menos seis, reivindicaria o bloqueio. Há dois meses, com aprovação da prefeitura e da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a SBI vem construindo os bloqueios, ajardinados e feitos de concreto, que impedem a passagem de carros e caminhões. Motos e pedestres podem passar pelos bloqueios. Ao todo, o projeto do bolsão de Interlagos prevê 26 bloqueios. A maior parte já está pronta e infernizando os moradores. "O acesso ao bairro está horrível. Dependendo de onde você vai, tem que sair por outro bairro. Além de tudo, é inconstitucional", diz o vendedor Alexandre Saad, 26, morador da rua José Ferraz de Arruda Jr., cuja saída para a avenida Interlagos está bloqueada. "A questão de segurança piorou. Outro dia assaltaram a vizinha de minha namorada e a polícia demorou mais ainda para chegar, pois perdeu tempo desviando dos bloqueios. Tem outra: se quiser, um ladrão pode entrar e sair de moto que ninguém vai impedir." Ontem a reportagem da Folha viu um carteiro de moto que, para seguir em frente pela rua Vassuri, onde entregaria cartas, teve de driblar o obstáculo usando a calçada. Além de Saad, outros queixosos são os comerciantes da avenida Robert Kennedy. A Folha entrevistou cinco deles ontem e todos afirmaram que tiveram perda média de 30% no movimento. "Perdi todos os meus fregueses do bairro que compravam jornal aqui pela manhã, quando saíam para o trabalho pela Robert Kennedy", conta o jornaleiro Nilton Oliveira, 49, que tem sua banca na esquina da rua Silvio Sciumbiata. Segundo Oliveira, único comerciante que se identificou, os moradores que usavam a Kennedy agora usam a Interlagos ou saem por bairros periféricos, comprando o jornal em outras bancas. Uma moradora do bairro que comprava na banca e também não se identificou disse que os bloqueios viraram o principal assunto em Interlagos. "Eles (a SBI) mandaram o boleto para minha casa, para pagar as obras. Eu rasguei tudo." Ela não é contra dispositivos que colaborem com a segurança. "Mas do jeito que os bloqueios foram feitos, a impressão é que foi muito mal planejado." Segundo a moradora, seu marido é doente. "Se eu precisar chamar uma ambulância, como é que ela vai chegar?" A reportagem esteve ontem na igreja São Pancrácio, onde a SBI se reúne semanalmente, mas nenhum representante da sociedade estava lá. A Folha também deixou recado na secretária eletrônica da SBI, mas não obteve resposta. Texto Anterior: Baixo Pinheiros é mais violento Próximo Texto: Entidade associa violência ao trânsito Índice |
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