São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 1997
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BC volta a vender dólares para deter avanço da crise para outros mercados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central foi obrigado a fazer novas vendas de dólares ontem, com o objetivo de evitar que a crise das Bolsas se estendesse ao câmbio.
A divulgação de dados errados sobre a saída de dólares do país e outros boatos ajudaram a criar o clima de incerteza no mercado.
Logo pela manhã, o mercado de câmbio abriu com nervosismo diante da informação incorreta de que na véspera US$ 744,7 milhões haviam abandonado o país pelo segmento de taxas livres.
Esse seria um sinal de que, após sete leilões de dólares feitos na última terça-feira, o BC não havia vencido a especulação no câmbio. A má notícia provocou aumento na procura pelo dólar e a cotação da moeda norte-americana começou a subir.
Para evitar que o preço do dólar superasse a minibanda (os limites para a cotação) do câmbio, o BC abriu às 9h48 um leilão de dólares para satisfazer à procura do mercado e, assim, deixar a cotação sob controle.
Como havia feito dois dias antes, o BC fixou uma oferta mínima de US$ 10 milhões -ou seja, 20 vezes o valor usual em um dia tranquilo.
Pouco antes do primeiro leilão de dólares, o Depin (Departamento de Operações das Reservas Internacionais) do BC já telefonava para agências de notícias para corrigir a informação sobre a saída no mercado de taxas livres.
Correção
Segundo o BC, algumas empresas que haviam fechado contratos na vésperas comunicaram tardiamente o cancelamento das operações.
Assim, a saída de dólares teria ficado restrita a US$ 135,7 milhões, em vez dos US$ 744,7 milhões anunciados inicialmente pelo sistema eletrônico de informações do BC.
Mesmo com a correção da informação, o BC se viu obrigado a vender novamente dólares, para satisfazer à significativa procura pela moeda. Um segundo leilão foi aberto às 10h58.
O nervosismo, agora, explicava-se por boatos sobre a piora na nota que o Brasil recebe das instituições internacionais de avaliação de risco. É com base nesta nota que os investidores decidem se aplicam ou não dinheiro no país. A Moody's desmentiu o rebaixamento da nota.
Títulos da dívida
Outro boato, negado pela assessoria do BC, dava conta de que o Brasil estivesse usando intermediários para recomprar títulos de sua dívida externa.
Essa recompra, segundo o boato, visaria estancar a queda registrada pelos papéis da dívida externa.
Apesar dos desmentidos, o BC foi obrigado a fazer duas novas ofertas de moeda norte-americana no final da tarde, uma às 16h05 e outra às 16h28. O lote mínimo para cada leilão foi de US$ 10 milhões.
Como é usual, o BC não divulgou o volume de dólares vendido ontem para estancar a pressão do mercado pela compra da moeda.
Na última terça-feira, dia dos sete leilões de venda, as estimativas do mercado para o volume vendido variaram de US$ 4 bilhões a US$ 10 bilhões.

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