São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Analistas dos Estados Unidos temem que Brasil seja o próximo país a entrar em crise

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

O Brasil esteve ontem no centro dos comentários e especulações dos especialistas do mercado financeiro norte-americano. Muitos comentaristas diziam temer que o país seja o próximo entre os mercados emergentes a entrar em grave crise, após os da Ásia.
A maioria, no entanto, dizia que o Brasil ainda não está em crise e é preciso dar mais tempo às autoridades financeiras do país para checar se elas são capazes de resolver os problemas dos últimos dias.
Por exemplo, Desmond Lachman, da firma de investimentos Salomon Brothers: "É muitíssimo prematuro entrar em pânico por causa do Brasil. Não se sabe ainda se existem problemas suficientemente sérios ou se tudo não passa de exagero. É muito fácil exagerar quando há esse tipo de situação".
Mas Lachman admite que, se o Banco Central brasileiro não for capaz de conter os problemas financeiros do país, as consequências podem ser graves e retardar o crescimento econômico do Brasil.
Boatos
O dia começou com boatos generalizados de que a Moody's Investor Service, agência que avalia riscos de investimentos, iria rebaixar a taxa de credibilidade das empresas e instituições bancárias brasileiras.
A rede de TV por assinatura MSNBC chegou a dar o rebaixamento brasileiro como certo.
A Moody's depois negou que estivesse rebaixando o Brasil. Mas o desmentido não foi suficiente para impedir que as ações de empresas brasileiras, como a Telebrás, ou de instituições com grandes interesses no Brasil, como Citicorp e Chase, estivessem entre as que mais caíram na Bolsa de Nova York.
Mesmo entre analistas que não concordam que o Brasil esteja sob risco de grave crise, muitos acham que há uma impressão generalizada de que o real está supervalorizado e que o setor bancário brasileiro é vulnerável, duas razões suficientes para levantar suspeitas sobre um país de economia emergente.
A moratória brasileira durante o governo José Sarney também influi na percepção dos investidores.
Apesar de ela ter ocorrido há 11 anos, a moratória é lembrada com frequência como um recurso a que, se o país já utilizou uma vez no passado, poderá recorrer de novo.

Texto Anterior: Americel começa a operar no próximo mês
Próximo Texto: Moody's diz que país não foi rebaixado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.