São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 1997
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Indústria já prevê queda de vendas se a taxa de juros continuar em alta

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A expectativa otimista de vendas da indústria brasileira neste final de ano deverá ser alterada com a queda das Bolsas de Valores e o aumento das taxas de juros.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgou ontem uma pesquisa realizada em outubro que mostra estabilização do nível de consumo, mas o recente desempenho negativo do mercado de ações deverá mudar esse quadro.
O presidente da entidade, senador Fernando Bezerra (PMDB-RN), disse que, se forem mantidas as altas taxas de juros, as vendas irão cair.
"Se permanecer esse quadro, muda tudo, e muda para pior."
A pesquisa, de acordo com o senador, mostra que a confiança da população com o Plano Real aumentou, mas ainda é cedo para avaliar os impactos do mercado de ações no desempenho da economia.
Entre 15 a 22 de outubro, o Ibope entrevistou 2.000 pessoas em todo o país. Do total, 56% pretendiam manter o nível de compras nos próximos três meses.
Fernando Bezerra disse que houve uma acomodação do consumo, comportamento já esperado pela indústria. Cerca de 23% informaram que pretendem comprar menos até o final do ano. Esse percentual vem caindo desde a pesquisa de maio, que registrou 27%.
Em relação ao endividamento, a situação melhorou. Entre os entrevistados, 43% consideram-se com o mesmo número de dívidas. Esse percentual está estável desde o primeiro semestre.
O número de pessoas que tiveram suas dívidas reduzidas aumentou em relação a maio, de 29% para 32%.
Desemprego
O maior problema da economia brasileira, de acordo com a pesquisa, é o desemprego. Foi citado por 63% das pessoas, seguido por saúde (49%) e salário (33%).
Há também uma expectativa de 61% das pessoas que responderam ao questionário segundo a qual o desemprego vai aumentar nos próximos seis meses. Esse temor é maior na população com melhor instrução.
"Esses dados mostram que é preciso um esforço para completar as reformas e reduzir o custo da produção para aumentar a capacidade de contratação das empresas", disse.
O senador disse que, na sua opinião, essa crise do mercado de ações não terá impacto imediato sobre os investimentos estrangeiros no país.

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